A população brasileira deve começar a diminuir antes de 2042, possivelmente já na próxima década, segundo análise do demógrafo José Eustáquio, que se baseia nos dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados mostram uma redução recorde no número de nascimentos entre 2023 e 2024, com uma queda de 5,8%, a maior desde os anos 1990. Isso indica que as mulheres estão tendo menos filhos, acelerando o envelhecimento e a diminuição da população.
Esse processo também marca o fim do período conhecido como bônus demográfico – quando a maior parte da população está em idade produtiva, favorecendo o crescimento econômico. A redução da população ativa pode impactar a economia, a saúde pública e os sistemas de aposentadoria.
Por que o número de nascimentos caiu tanto?
Embora ainda sejam necessárias mais informações, podemos levantar hipóteses. A taxa de fecundidade (filhos por mulher) vem caindo há mais de uma década. A natalidade (nascimentos em relação à população total) se manteve estável por algum tempo porque havia mais mulheres em idade fértil. Agora, com o envelhecimento da população, o número dessas mulheres está diminuindo, acelerando a queda na natalidade.
O que esperar se essa tendência continuar?
Se essa queda continuar, a população brasileira começará a diminuir antes do previsto, possivelmente já na próxima década.
Quais outros fatores influenciam essa queda?
Outro fator importante é a redução da maternidade na adolescência, que caiu de 20,8% para 11,3% nos últimos 20 anos. Além disso, muitas mulheres estão adiando a maternidade – enquanto em 2004, 52% das mães tinham até 24 anos, em 2024 essa porcentagem caiu para 34,6%.
A economia do país pode estar influenciando essa redução?
A economia brasileira melhorou nos últimos anos, com crescimento, emprego maior, menos pobreza e renda em alta. Portanto, a queda na natalidade não está ligada a uma crise econômica. Na verdade, com mais educação e renda, é comum que as mulheres tenham menos filhos, o que pode estar acelerando essa tendência.
Além disso, o número de mortes aumentou 4,6% em 2024, representando mais 65.811 óbitos em relação a 2023.
Qual a avaliação desse aumento de mortes?
O aumento era esperado, uma vez que a população está envelhecendo e a taxa de mortalidade é maior entre os idosos.
Esse fim antecipado do bônus demográfico é negativo para o Brasil?
Isso pode trazer desafios, mas também oportunidades. Países como Polônia, Tailândia e China já enfrentam queda populacional e continuam apresentando crescimento econômico, mostrando que é possível prosperar mesmo com menos pessoas.
Estadão Conteúdo

