A ponte sobre o Rio Autaz-Mirim, localizada na BR-319, foi avaliada como “boa” pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) apenas um ano antes de desabar. Essa avaliação consta no relatório sobre o estado de conservação das “obras de arte de engenharia”, disponibilizado pelo órgão ao Metrópoles mediante pedido pela Lei de Acesso à Informação (LAI).
A referida ponte recebeu a classificação número quatro, que, conforme a Portaria nº 10/2024 do Dnit, indica que, apesar da existência de alguns danos, não há indícios de comprometer a integridade estrutural.
De acordo com as avaliações, as pontes com nota quatro não demandam reformas imediatas. O Dnit realiza inspeções bienais em pontes, túneis e viadutos para definir prioridades de intervenção.
Conforme os dados obtidos, 1.950 pontes estão em condições consideradas boas. A vistoria na ponte da BR-319 foi efetuada em 22 de junho de 2021, enquanto a queda da estrutura ocorreu em novembro de 2022. Não houve vítimas fatais, pois a passagem já estava interditada devido ao desabamento da ponte sobre o Rio Curuçá, que fica a cerca de um quilômetro dali.
Nos bastidores, há relatos de que as inspeções não têm sido realizadas com a frequência adequada, atribuídos à insuficiência de pessoal. O Dnit enfrenta um déficit de 45% no quadro de analistas técnicos de infraestrutura, contando atualmente com 533 servidores ativos, contra a necessidade estimada de 982 profissionais.
Desabamento da ponte vizinha causou mortes
A ponte sobre o Rio Curuçá estava avaliada com a nota três, classificando-a como regular, o que significa que apresenta certo grau de insuficiência estrutural, porém sem risco imediato à estabilidade. No país, 1.536 pontes em rodovias compartilham essa classificação.
Este cenário integra uma investigação especial intitulada “Um Brasil que desmorona”, que examina os efeitos do colapso de pontes em quatro estados brasileiros: Amazonas, Maranhão, Rio Grande do Sul e Tocantins.