O tenente-coronel da Polícia Militar de Mato Grosso, Alexandre José Dal Acqua, foi afastado do cargo de comandante da Polícia Militar em Juína após ser denunciado por estupro e duas tentativas de estupro.
A exoneração foi publicada na terça-feira (12) depois que a Corregedoria da Polícia Militar iniciou uma investigação.
O advogado Geraldo Silva Bahia Filho, que defende o policial, disse que o afastamento do comando não significa punição administrativa devido ao inquérito. A defesa afirma que as acusações não são baseadas em fatos e são um ataque à honra do militar.
Alexandre José Dal Acqua assumiu o comando em Juína no dia 19 de fevereiro de 2024. Segundo denúncia feita em abril via sistema Fala, Cidadão, ele teria estuprado uma estagiária que trabalhava no 8º Comando Regional de Juína, sob sua chefia.
O corregedor-geral da PM de Mato Grosso, coronel Noelson Carlos Silva Dias, abriu inquérito policial militar para apurar a denúncia.
A Corregedoria afastou Alexandre Dal Acqua um dia após a oitiva de uma das vítimas. A Patrulha Maria da Penha de Cuiabá foi enviada para apoiar emocional e psicologicamente as vítimas e ouvir uma segunda vítima.
Por sigilo legal envolvendo violência sexual contra mulheres, o processo é mantido em segredo para proteger as vítimas. A Polícia Militar afirma estar empenhada em esclarecer o caso e não aceita crimes praticados por seus membros.
Além da denúncia de estupro, o tenente-coronel é acusado de assediar a estagiária no quartel, incluindo tentativa de coação em setembro de 2024, ação que foi contida por outros policiais.
A estagiária, procurada para comentar, manifestou medo de falar e não autorizou entrevista nem contato da defesa.
O inquérito também menciona acusações de assédio contra uma policial civil do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) e contra uma servidora da Prefeitura de Juína. Vítimas foram relatadas ainda em Aripuanã, na área de atuação do 8º Comando Regional.
A defesa de Alexandre Dal Acqua afirmou que ele está confiante em sua inocência e pronto para colaborar com a Justiça.
O vazamento de informações sigilosas à imprensa foi criticado pela defesa, que acredita que isso ocasiona distorções e interpretações erradas.
Mato Grosso tem registrado aumento nos casos de violência contra a mulher. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública apontam o estado como líder nacional em feminicídios pelo segundo ano consecutivo, e duas cidades no estado estão entre as que possuem maiores taxas de estupro no país.
A cidade de Sorriso liderou o ranking de estupros por 100 mil habitantes em 2023 e é segunda em 2024. Tangará da Serra subiu de 45ª para 7ª posição no mesmo ranking.