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sexta-feira, 27/06/2025




Policiais de El Salvador admitem que criaram provas falsas, segundo HRW

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A organização Human Rights Watch (HRW) revelou nesta sexta-feira (27) que policiais de El Salvador confessaram que elaboraram provas falsas contra presos na campanha do presidente Nayib Bukele contra as gangues.

Desde março de 2022, o país está sob um estado de exceção que autoriza prisões sem mandado e fundamenta legalmente a ofensiva contra grupos criminosos que dominavam áreas territoriais.

A HRW entrevistou 11 membros da Polícia Nacional Civil (PNC), sendo nove ativos e dois aposentados, que afirmaram ter sido forçados a usar práticas abusivas devido à pressão de seus superiores.

Os policiais, que preferiram permanecer anônimos, relataram que eram constantemente cobrados por não atingirem metas diárias de cinco prisões, conforme indicou o relatório da HRW.

O documento também destaca que o estado de exceção e a falta de responsabilização criaram um ambiente propício à impunidade.

Segundo os policiais, acusações anônimas por telefone ou a presença de tatuagens visíveis eram motivos suficientes para detenções.

Alguns agentes admitiram até a fabricação de registros policiais para justificar prisões, já que a não concretização das metas resultava em ameaças por parte dos comandantes.

Um dos entrevistados afirmou que não há investigação real, pois a polícia apenas cria perfis arbitrários, usando as fichas policiais como a principal “evidência” de que alguém pertence a uma gangue.

Juanita Goebertus, diretora da HRW para as Américas, comentou que os depoimentos mostram como a polícia fabrica provas para cumprir as metas de prisões, extorque inocentes, desrespeita o devido processo legal e desobedece ordens judiciais.

O relatório ainda informa que havia ordens para impedir a soltura de detidos que deveriam ser liberados conforme decisão judicial, com protocolos para inventar novos processos e mantê-los presos.

Entre os policiais que falaram com a HRW estavam sargentos, investigadores e técnicos forenses com experiências que vão de nove a 31 anos, atuando nos departamentos de Santa Ana, San Vicente e San Salvador.

“Hoje, o policial não tem propósito. Somos marionetes”, declarou um sargento, conforme o documento.

A ofensiva de Bukele fez os homicídios em El Salvador caírem a níveis históricos. Até hoje, mais de 87.000 supostos membros de gangues foram presos, de acordo com o governo.

Destes, cerca de 8.000 foram liberados após comprovação de inocência, segundo dados oficiais, mas entidades de direitos humanos afirmam que ainda há milhares de pessoas inocentes encarceradas.

© Agence France-Presse




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