A polícia de Buenos Aires executou 14 mandados de busca relacionados a um esquema de propina envolvendo pessoas próximas ao presidente Javier Milei, incluindo sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei.
As operações foram direcionadas à Agência Nacional de Deficiência (ANDIS) e à farmácia Suizo Argentina, com autorização do juiz federal Sebastián Casanello e a pedido do procurador Franco Picardi.
A investigação teve início a partir da divulgação de áudios atribuídos a Diego Spagnuolo, ex-diretor da ANDIS, que foi afastado recentemente. Nas gravações, ele descreve um suposto esquema de cobrança de propinas envolvendo aliados do presidente argentino.
Karina Milei é mencionada como uma figura central nesse esquema e, embora seja mais jovem que o irmão, sempre o apoiou.
A ANDIS é uma entidade governamental na Argentina responsável pela coordenação de políticas públicas para pessoas com deficiência.
Detalhes da Operação
As buscas ocorreram na sede da ANDIS, na farmácia Suizo Argentina e em residências ligadas, incluindo a do empresário Emmanuel Kovalivker, dono da farmácia. Foram apreendidos cerca de US$ 200 mil, computadores, documentos e contratos.
Também foram encontrados envelopes com grandes quantias em dólares em um veículo utilizado por Kovalivker.
Até o momento, não foram emitidos mandados de prisão. O foco do Ministério Público é coletar documentos e eletrônicos para verificar se existia um sistema organizado de cobrança de propina beneficiando membros do governo.
A Casa Rosada ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Investigados e Acusações
O processo foi aberto pelo advogado Gregorio Dalbón, representante da ex-presidente Cristina Kirchner. Além de Karina Milei, são investigados Javier Milei, Eduardo “Lule” Menem da Secretaria-Geral, Spagnuolo e Emmanuel Kovalivker.
O Ministério Público suspeita que eles possam estar envolvidos em um esquema de cobrança de propina relacionado a contratos de medicamentos. Os crimes investigados incluem corrupção passiva, fraude administrativa, associação ilícita e violação da Lei de Ética Pública.
Conteúdo dos Áudios
Nos áudios, Spagnuolo relata que fornecedores de medicamentos tinham que pagar 8% de propina sobre os contratos, parte dessa quantia seria destinada à Presidência. Ele menciona que Karina Milei receberia 3% e 1% seria usado para “operação”.
Ele afirma ter informado o presidente sobre o esquema, tentando pará-lo, e que não fazia parte da corrupção. Também diz possuir todas as mensagens de WhatsApp de Karina Milei. Embora Javier Milei não esteja diretamente envolvido, pessoas próximas a ele estariam.