A Polícia Civil de Pernambuco, por meio da 43ª Circunscrição Policial de Porto de Galinhas, em conjunto com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPPE), está cumprindo na manhã desta quinta-feira (2/10) sete mandados de prisão e 21 de busca e apreensão na Operação Alvitre.
Essa investigação tem como foco o repasse de emendas parlamentares para empresas fantasmas, financiadas com recursos da Prefeitura de Ipojuca, localizada na Região Metropolitana do Recife. Além disso, estão ocorrendo apreensões residenciais e bloqueios judiciais de ativos.
Denominada “Alvitre” em referência à atuação de vereadores que teriam direcionado emendas impositivas para determinadas entidades, algumas dessas entidades receberam investimentos de vários parlamentares. Uma dessas organizações investigadas já obteve, somente em 2024, um montante superior a R$ 7 milhões.
De 2022 a 2024, a Prefeitura de Ipojuca destinou R$ 39,68 milhões via emendas impositivas, com um aumento considerável a cada ano: R$ 11,7 milhões em 2023 e R$ 25,6 milhões em 2024. Para 2025, a previsão é de R$ 27 milhões em repasses.
Iniciada em outubro de 2024, a investigação abrange os municípios de Ipojuca, Caruaru, Bezerros, Catende, São José da Coroa Grande e Barreiros.
A indagação focaliza um esquema suspeito de apropriação indevida de recursos públicos em Ipojuca (PE), por meio das emendas parlamentares impositivas. Denúncias feitas nas redes sociais por cidadãos e representantes políticos apontam para a destinação de valores a associações inexistentes ou incapazes de realizar os projetos.
Os recursos eram formalizados via Termos de Fomento, o que conferia uma aparente legalidade e dificultava a fiscalização efetiva.
A investigação revelou que o grupo criminoso alocava grandes quantias públicas para essas entidades, muitas das quais são fictícias. Investigações de campo confirmaram que algumas associações sequer possuem sede ativa. Em um exemplo, o endereço de uma entidade é apenas um galpão fechado com placa de aluguel, usado como depósito de uma madeireira.
De acordo com a Polícia Civil, a organização criminosa funcionava com núcleos separados:
- Núcleo de Liderança e Estratégia: responsável pelo planejamento da fraude, seleção de CNPJs e articulação das parcerias fraudulentas.
- Núcleo Operacional: encarregado da execução das ordens da liderança.
- Núcleo de Facilitação: tinha a função de ocultar os verdadeiros beneficiários do esquema.
O grupo utilizava uma rede interligada de associações para diluir responsabilidades, dificultar o rastreamento do dinheiro e ampliar os desvios.
Investigações prévias indicam que alguns dos envolvidos já possuem condenações por desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha em outras operações, incluindo a Operação Remenda, da Polícia Federal. Apesar das condenações, o esquema suspeito retornou, indicando a repetição da conduta ilícita.
A Polícia Civil e o GAECO continuam as investigações para desarticular a rede criminosa e responsabilizar todos os participantes.