Eduarda Esteves
São Paulo, SP (UOL/FOLHAPRESS)
Câmeras de segurança instaladas dentro do apartamento onde uma mulher de 25 anos caiu, na zona sul de São Paulo, estão sendo analisadas pela polícia para esclarecer o incidente. Maria Katiane Gomes da Silva foi encontrada morta após cair da sacada do prédio onde morava com seu marido, Alex Leandro Bispo dos Santos, de 40 anos.
As memórias das duas câmeras foram recolhidas para perícia. Inicialmente, a polícia informou que os equipamentos não tinham gravado imagens no dia da queda, em 29 de novembro.
A perícia tenta recuperar as imagens daquele dia. O delegado responsável pela investigação, Pietrantonio Minichillo, disse que técnicos da Polícia Científica estão verificando se os arquivos foram corrompidos, se houve alguma falha ou se o marido, principal suspeito, tentou apagar as gravações.
De acordo com a polícia, as duas câmeras estavam na sala do apartamento. “No entanto, os arquivos não mostram imagens do dia da queda. Parece que estão corrompidos. A perícia está tentando resgatar os arquivos. Não sabemos se houve tentativa de apagar, mas acreditamos que não”, explicou o delegado.
A defesa de Alex afirma que ele não tem culpa no caso. “As imagens internas provam a inocência do cliente e indicam que foi um acidente. A demora em tornar as gravações públicas causou a prisão temporária, que consideramos injusta”, disse o advogado André Marques.
Discussão após festa
Alex é o principal suspeito na morte de Maria Katiane. Depois do ocorrido, ele viajou até Crateús, no Ceará, e participou do velório. Na época, a polícia havia classificado a queda como acidente.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram Alex chorando junto ao caixão, e a família acreditava na versão do acidente.
Alex passou uma semana no Ceará antes de retornar a São Paulo, onde foi preso em casa depois que nova análise das câmeras do prédio revelou agressões. O caso agora é investigado como feminicídio.
Nas imagens, ele agride a mulher no estacionamento e no elevador do prédio. A briga ocorreu por volta das 5h, após o casal voltar de uma festa. As imagens mostram Alex puxando a mulher e dando socos. No elevador, ele tenta agarrar o pescoço dela, e a vítima resiste, mas depois ambos desaparecem da câmera.
Após cerca de um minuto, Alex retorna sozinho ao elevador, aparentando estar aborrecido, sentando-se no chão com as mãos na cabeça.
Alex negou à polícia ter cometido qualquer crime, dizendo que após a briga a esposa se trancou no banheiro, e logo depois ouviu um grito e o barulho da queda.
As gravações foram decisivas para sua prisão. O delegado Pietrantonio Minichillo destacou que o comportamento agressivo de Alex ficou claro nas imagens. O suspeito não resistiu à prisão.
Passado criminal do suspeito
Alex possui um histórico criminal extenso. Em 2003, aos 18 anos, foi acusado de envolvimento no sequestro do sobrinho do senador Eduardo Suplicy (PT).
Ele também foi investigado e condenado por latrocínio, receptação e roubo, cumprindo pena pelos crimes. Segundo o delegado, as tatuagens do suspeito indicam possível ligação com facção criminosa, embora ele negue.
Alex não mostrou arrependimento e nega ter agredido Maria Katiane. Contudo, as gravações revelam claramente as agressões.
A polícia pediu a prisão temporária para evitar que o suspeito prejudique a investigação, especialmente por seu histórico criminal, que poderia intimidar testemunhas, conforme explicou o delegado da 89ª DP.
Denuncie violência
Se presenciar agressão contra mulheres, ligue para 190 e faça a denúncia.
A maior parte das violências domésticas é cometida por parceiros ou ex-parceiros. A Lei Maria da Penha também protege contra agressões por familiares.
Também é possível denunciar pelo número 180, Central de Atendimento à Mulher, ou pelo Disque 100, que apura violações dos direitos humanos.

