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segunda-feira, 20/10/2025

Poder de compra cai até 20% em 5 anos com dinheiro parado, alerta estudo

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JÚLIA GALVÃO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Deixar grandes quantias de dinheiro na conta-corrente por muito tempo pode diminuir o quanto a família consegue comprar em até 20%, devido à inflação, segundo a Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro).

Diego Endrigo, planejador financeiro CFP pela Planejar, comparou o impacto de manter R$ 10 mil em conta-corrente por cinco anos com outras opções seguras de investimento. Considerando uma inflação média de 4% ao ano, ele calculou que o poder de compra desse dinheiro cairia para cerca de R$ 8.000 reais em valor real, uma perda de 20% do poder inicial.

“O investidor pensa que está protegendo seu dinheiro, mas na verdade vai perdendo seu valor diariamente”, afirma Endrigo. Ele destaca que essa queda gradual pode dificultar a realização de planos financeiros importantes.

Comparando com opções seguras, como Tesouro Selic ou CDBs com liquidez diária, a diferença fica clara: esses investimentos garantem que o valor aplicado cresça, mesmo considerando impostos.

Ao final de cinco anos, o dinheiro investido nessas opções poderia superar R$ 15 mil antes dos impostos, mostrando ganhos reais em relação a deixar o dinheiro parado na conta.

Endrigo ressalta que investir exige planejamento e que nem todo dinheiro de curto prazo precisa ser aplicado, mas alerta sobre o custo de deixar os recursos sem rendimento.

“Hoje, existem opções seguras e de fácil acesso que rendem diariamente e podem ser resgatadas a qualquer momento, sem perder a liquidez. Ou seja, mesmo o dinheiro para curto prazo pode ser protegido contra a inflação”, explica Endrigo.

Myrian Lund, professora da FGV e especialista em finanças, afirma que para manter o poder de compra é importante buscar rendimentos que acompanhem ou superem a inflação. A poupança é uma opção, mas o ideal é ter ganhos reais, acima da inflação.

Um bom exemplo são os CDBs com liquidez diária, que permitem resgate a qualquer momento. Com a taxa básica de juros em 15%, esses títulos rendem quase 14,9% do CDI. “No Brasil, hoje, investir de forma conservadora é uma das melhores maneiras de ganhar dinheiro. Então, o CDB é uma ótima opção e deve continuar valendo pelos próximos anos”, afirma Myrian.

POR QUE ALGUMAS PESSOAS AINDA DEIXAM DINHEIRO NA CONTA-CORRENTE?

Endrigo explica que a falta de ação, medo de investir e desconhecimento das opções explicam essa preferência.

O erro principal, segundo ele, é confundir facilidade com segurança. “Deixar o dinheiro parado não protege, só acumula perdas que crescem com o tempo”, alerta.

QUANTO DINHEIRO MANTER NA CONTA?

Myrian Lund aconselha planejar o valor necessário para pagar contas e despesas diárias, separando esse montante no início do mês, enquanto o restante pode ser investido.

Pequenos saques frequentes podem fazer o consumidor perder o controle dos gastos e acabar gastando mais do que o previsto.

Se sobra dinheiro no final do mês, Myrian recomenda reinvestir o excedente e ajustar os gastos do próximo mês para evitar desperdício.

COMO COMEÇAR A INVESTIR?

Myrian Lund divide os investimentos em três categorias com objetivos distintos:

  • Reserva de emergência: para necessidades inesperadas, idealmente de três a seis vezes o gasto mensal, investida em aplicações com liquidez imediata, como CDB DI, fundos DI ou Tesouro Selic.
  • Reserva para aposentadoria: para complementar o INSS, com opções como Tesouro Renda+ e previdência privada.
  • Reserva para sonhos: para metas específicas como viagens ou compra de imóvel, com investimentos a prazo que combinam com o objetivo, como LCI, LCA ou fundos de infraestrutura, que têm isenção de imposto.

E OS COFRINHOS DIGITAIS?

Myrian menciona que cofrinhos digitais são boas opções de investimento para iniciantes, pois permitem dividir o dinheiro para diferentes objetivos usando aplicativos dos bancos.

Esses cofrinhos rendem de forma semelhante ao CDB DI e também oferecem liquidez diária, uma vantagem para investidores conservadores.

Porém, Diego Endrigo alerta que esses produtos podem não ser totalmente transparentes em relação aos ativos que possuem, seus emissores e classificações de crédito. Mesmo assim, eles rendem mais que deixar o dinheiro parado, embora não alcancem a segurança e clareza do Tesouro Selic ou de CDBs de instituições sólidas.

E SOBRE A BOLSA DE VALORES?

A bolsa é um tipo de investimento de renda variável. Myrian explica que, ao investir nela, não há garantia dos resultados, que dependem da valorização das ações. É necessário estudo e aceitar maiores riscos.

Com a alta taxa de juros atual, ela recomenda focar em renda fixa, que já oferece retornos atrativos sem o risco da bolsa. Investir em ações pode ser uma meta para quem busca ganhos maiores, mas sempre com conhecimento e preparo.

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