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quarta-feira, 16/07/2025

Plano do governo francês para controlar dívida prevê corte de feriados

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François Bayrou, primeiro-ministro da França, anunciou nesta terça-feira (15/7) um plano para economizar € 43,8 bilhões no orçamento de 2026. Para enfrentar o que chamou de “maldição” do “superendividamento” francês, apresentou um pacote com medidas que incluem congelamento de gastos governamentais, salários e aposentadorias. Entre as propostas está a eliminação de dois feriados, o que gerou reação política.

“Existem momentos na história em que os povos têm que se reencontrar, e este é um deles”, afirmou Bayrou, diante da maioria de seu governo, classificando o período como “momento da verdade”.

O superendividamento, que obriga o país a contrair empréstimos mensais para pagar aposentadorias e salários do setor público, é uma armadilha sem solução, ressaltou Bayrou, salientando que a cada segundo a dívida da França cresce € 5.000. Segundo ele, a França virou dependente dos gastos públicos, motivo pelo qual o plano consiste em duas etapas: conter a dívida e aumentar a produtividade.

O déficit público é esperado em 5,8% do PIB para 2024, e a dívida alcança quase 114% do PIB, ficando atrás apenas da Grécia e Itália na zona do euro.

Plano e medidas

O plano plurianual começará em 2026 visando estabilizar a dívida em quatro anos. Bayrou indicou que todos terão que se ajustar, mas garantiu que a austeridade não prejudicará a competitividade das empresas francesas.

Embora o corte inicial fosse de € 40 bilhões, ele foi ajustado para quase € 44 bilhões para incluir novas despesas defensivas, justificadas pela guerra na Ucrânia. O governo não gastará mais em 2026 do que em 2025, e nenhum ministério será poupado, exceto Defesa. Algumas agências poderão ser extintas e a fusão de ministérios estudada.

Além disso, haverá redução no reembolso de medicamentos, melhor gerenciamento nos hospitais e investimento em prevenção de doenças via vacinação, que pode gerar economia de € 5 bilhões. O governo também pretende combater fraudes contra saúde, finanças e assistência social.

Entre as principais medidas está o congelamento dos salários públicos e aposentadorias em 2026. Programas sociais, contudo, serão mantidos. Foi anunciado ainda um “imposto de solidariedade” sobre os mais ricos, embora os detalhes ainda não estejam definidos.

A eliminação de dois feriados, possivelmente a Segunda-feira de Páscoa e o 8 de maio (comemoração da vitória na Segunda Guerra), visa impulsionar a atividade econômica, considerada insuficiente pelo governo.

Bayrou também propôs convidar sindicatos a negociar novas regras de seguro-desemprego e legislação trabalhista.

Críticas e desafios

Bayrou afirmou estar decidido a envolver a todos, mesmo estando sujeito à oposição política que pode derrubá-lo. A eliminação de feriados foi vista como “provocação” e “ataque à história e aos trabalhadores” pelo presidente do partido de extrema direita Reunião Nacional, Jordan Bardella. Marine Le Pen ameaçou derrubar o governo caso o plano não seja revisto.

Mathilde Panot, líder da esquerda radical, acusou Bayrou de declarar “guerra social”. A votação dependerá do apoio do Partido Socialista, que já considerou o plano inaceitável e pediu modificações significativas.

O governo francês busca com essa política evitar o aumento da dívida e, ao mesmo tempo, garantir equilíbrio social e econômico, enfrentando grande resistência política.

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