O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou nesta segunda-feira (24/11) que irá debater diretamente com Donald Trump assuntos sensíveis relacionados ao plano dos EUA para pôr fim à guerra. A declaração foi feita após a equipe ucraniana retornar de Genebra, onde manteve reuniões intensas com representantes norte-americanos e europeus.
De acordo com Zelensky, a proposta apresentada na Suíça é considerada mais prática que a versão inicial com 28 itens entregue pela equipe de Trump. “O número de pontos diminuiu e muitos aspectos importantes foram incorporados”, destacou o presidente, ressaltando que o documento ainda está em fase de conclusão.
“Hoje apresentamos um novo esboço das medidas, este é o caminho certo. Vou dialogar sobre os temas delicados com o presidente Trump. A Ucrânia nunca será um empecilho para a paz”, afirmou.
Coordenação europeia e risco de sabotagem russa
Zelensky informou que passou o dia conversando com líderes europeus para alinhar as estratégias antes da próxima fase das negociações. “Sou grato a todos pelo claro respaldo. A Ucrânia não está sozinha”, declarou.
Ele alertou ainda para tentativas da Rússia de prejudicar o processo diplomático, usando desinformação e intensificando ataques. “Devemos estar atentos aos sinais de ataques aéreos. Para acabar com a guerra, não pode haver lançamento de mísseis nem ofensivas massivas contra nosso povo. Isso deve ser assegurado pelas potências globais capazes. Os Estados Unidos têm papel crucial nisso”, ressaltou.
Divergências entre as propostas dos EUA e da Europa
As declarações de Zelensky ocorreram no dia em que as negociações avançaram e surgiram duas versões diferentes de um possível acordo:
Plano dos EUA:
- Reconhecimento de fato do controle russo sobre Crimeia, Donetsk e Luhansk.
- Congelamento das regiões de Kherson e Zaporíjia na linha de contato.
- Imposição na Constituição ucraniana de que o país não ingressará na Otan.
- Alteração dos estatutos da Otan para vetar a entrada da Ucrânia.
- Realização de eleições nacionais em 100 dias após o acordo.
- Utilização de US$ 100 bilhões em fundos russos congelados, com 50% dos recursos para os EUA.
- Garantias de segurança americanas condicionadas ao comportamento militar da Ucrânia.
Proposta europeia:
- Não reconhece nenhum território como parte da Rússia, apostando em futuras negociações.
- Proíbe a retomada das áreas pela força.
- Não há veto formal ou constitucional quanto à entrada na Otan.
- Exige consenso entre os membros da aliança.
- Não estabelece prazo para eleições.
- Assegura garantias multilaterais com termos menos rígidos.
- Não prevê compensações financeiras aos EUA.
O Kremlin declarou nesta segunda-feira que a versão inicial do plano americano pode servir como base para negociações futuras, mas afirmou não ter acesso ao texto atualizado oriundo das conversas em Genebra.
Moscou reconheceu que houve modificações após encontros bilaterais entre Washington e Kiev, mas solicitou o conteúdo revisado para se posicionar.
