PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarou que não pretende entrar em negociações com a administração do presidente Donald Trump para convencer os Estados Unidos a interromper a cobrança da taxa de 50% imposta sobre produtos brasileiros. Conforme o líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), a iniciativa foi armada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deverá ser responsável por resolver a situação. O partido só considera agir se o governo atual admitir que não conseguiu negociar e solicitar auxílio da oposição.
Trump tem ameaçado intensificar as tarifas comerciais, especialmente dirigidas aos membros do grupo BRICS e ao Brasil, chegando a anunciar aumentos que podem chegar a 100% sobre produtos desses países. Em defesa de Bolsonaro, Donald Trump reafirmou o aumento das tarifas sobre as exportações brasileiras, alegando que o Brasil não tem mantido uma postura favorável aos Estados Unidos.
O presidente Lula comunicou que o Brasil responderá às taxas por meio da Lei de Reciprocidade Econômica vigente no país. Na ocasião do anúncio da tarifa, Trump sugeriu que a medida poderia ser revista se o Brasil eliminasse barreiras comerciais e abrisse seus mercados.
Sóstenes Cavalcante afirmou ao Metrópoles que a situação é uma questão do atual governo. Ele destacou que há 21 dias para o governo Lula agir e que a Casa Branca espera a cessação das ações jurídicas contra Bolsonaro e o fim das ordens que supostamente prejudicam empresas americanas, deixando uma janela de oportunidade para o diálogo. O líder do PL completou que a oposição está disposta a ajudar caso o governo reconheça sua incapacidade para resolver o impasse.
A possibilidade do PL atuar para tentar reverter a taxação chegou a ser cogitada nos bastidores após pesquisas indicarem que a narrativa do governo Lula teve maior aceitação no meio digital, aumentando a preocupação sobre eventual prejuízo à imagem de Bolsonaro e seus aliados.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem sido um dos principais alvos dessas tensões. Ele adotou um discurso alinhado com o do PL, defendendo que as tarifas impostas por Trump seriam uma forma de perseguição política contra Bolsonaro. Durante uma visita a Brasília, Tarcísio expressou que o governo atual priorizou sua ideologia sobre a economia, o que resultou na situação atual, e afirmou que a responsabilidade recai sobre quem está no governo e não será resolvida por narrativas políticas.
Nos bastidores, parte da oposição reconhece que a taxação pode ter ocasionado um efeito contrário, prejudicando o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, que atua nos Estados Unidos desde fevereiro, buscando articular sanções contra o Brasil, defendendo que seu pai, o ex-presidente, é alvo de perseguição política. Após o anúncio das tarifas, Eduardo reafirmou a posição da Casa Branca como correta e, nesta quinta-feira, afirmou que pressionar Bolsonaro não contribuirá para a resolução e que a solução depende de ações judiciais.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), também filho do ex-presidente, concordou com o irmão e criticou a situação gerada pelo atual governo, ressaltando que a retomada da democracia, com anistia, restabelecimento da liberdade de expressão e medidas judiciais, reduzirá os impactos negativos para o país.