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quinta-feira, 28/08/2025

Pintura nazista desaparecida reaparece na Argentina e some de novo

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A polícia da Argentina conduziu buscas extensivas nesta quarta-feira (28/7) na tentativa de recuperar uma pintura do século XVII que foi levada por nazistas em Amsterdã durante a Segunda Guerra Mundial, e que recentemente foi localizada em uma residência na cidade de Mar del Plata, ao sul de Buenos Aires.

A obra, que estava desaparecida há muitos anos, foi descoberta em um anúncio imobiliário, pendurada na sala de estar da filha de um ex-oficial nazista. Estima-se que o retrato tenha sido confiscado há cerca de 80 anos de um colecionador judeu.

O quadro intitulado Retrato de Dama, pintado pelo italiano Giuseppe Vittore Ghislandi, fez parte do acervo do comerciante judeu Jacques Goudstikker, que faleceu em 1940 enquanto tentava fugir dos nazistas.

Mais de 1.100 obras da galeria de Goudstikker em Amsterdã, incluindo trabalhos de renomados pintores como Rembrandt e Vermeer, foram compradas por valores muito abaixo do mercado por integrantes de alto escalão do regime nazista, entre os quais Hermann Göring.

Obra vista em anúncio de venda de imóvel

Repórteres do jornal holandês Algemeen Dagblad encontraram o Retrato de Dama em um anúncio de venda de uma casa que, segundo suspeitas, pertence aos descendentes do oficial nazista próximo a Göring e ex-membro da organização paramilitar nazista Schutzstaffel (SS), Friedrich Kadgien.

Kadgien primeiro fugiu para a Suíça e depois para a América do Sul, estabelecendo-se inicialmente no Brasil e posteriormente na Argentina, onde morreu em 1978 em Buenos Aires. Registros da época indicam que ele acumulou diamantes e obras de arte por meio de extorsão em Amsterdã.

O banco de dados oficial holandês de arte desaparecida da Segunda Guerra Mundial, administrado pela Agência do Patrimônio Cultural da Holanda, classifica o Retrato de Dama como propriedade de Goudstikker.

O jornal holandês tentou diversas vezes contactar as filhas de Kadgien, que sempre evitaram comentar sobre o passado do pai. Finalmente, os repórteres localizaram a pintura quando uma das filhas colocou a mansão à venda em uma imobiliária argentina, divulgando fotos internas que mostravam o quadro na sala de estar.

Pintura desaparece novamente, afirma promotor

A residência em Mar del Plata acredita-se ser propriedade de Patricia Kadgien, filha do ex-oficial nazista. Ela não foi formalmente acusada no caso. Seu advogado, Carlos Murias, declarou ao jornal local La Capital que ela e seu marido estão colaborando com as autoridades.

O Ministério Público Federal da Argentina anunciou que a operação policial na casa encontrou documentos e gravuras alemãs da década de 1940, que podem ser importantes, mas não a pintura desaparecida.

O promotor argentino Carlos Martinez, responsável pela busca, afirmou que, apesar de armas de fogo terem sido apreendidas, a obra de arte não estava no local. “A pintura desapareceu. Foram apreendidas apenas uma carabina e um revólver calibre 32”, disse ele aos jornalistas.

O anúncio do imóvel foi retirado do portal da imobiliária Robles Casas & Campos.

As autoridades argentinas intensificaram as investigações, contando com o auxílio da Interpol.

Capítulo difícil da história argentina

Os eventos reacenderam um capítulo doloroso na história da Argentina, país que serviu de refúgio para muitos nazistas que fugiram da Europa para evitar processos por crimes de guerra, incluindo membros de alto escalão do regime e figuras centrais do Holocausto, como Adolf Eichmann.

Durante o governo do general argentino Juan Perón, que governou de 1946 até 1955, fascistas alemães em fuga trouxeram consigo propriedades roubadas de judeus, entre elas ouro, contas bancárias, pinturas, esculturas e móveis.

O destino dessas obras segue sendo um tema sensível e complexo, com processos de restituição em andamento na Argentina e em outros países.

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