LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Depois de um bom desempenho no começo do ano por causa da safra de grãos, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve crescer mais devagar no segundo trimestre de 2025, dizem economistas.
Os dados oficiais serão divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na terça-feira (2), às 9h, horário de Brasília.
O mercado financeiro espera um crescimento leve de 0,3% para o PIB neste período em comparação ao trimestre anterior, com previsão que varia entre 0,1% e 0,8%, segundo a agência Bloomberg.
No começo do ano, o PIB cresceu 1,4%, impulsionado principalmente pela agropecuária. Esse efeito da safra de grãos é mais forte nos dados de janeiro a março.
No segundo trimestre, além da safra não dar o mesmo impulso, a economia ainda enfrenta juros altos, o que dificulta o consumo e os investimentos, porque o crédito fica mais caro para famílias e empresas.
Segundo Leonardo Costa, economista do Asa, que trabalha no setor financeiro, o PIB deve desacelerar bastante em relação ao forte crescimento do começo do ano. Ele projeta crescimento de 0,3%, o que está em linha com a média do mercado.
“Pelo lado da produção, a agropecuária perde força com o fim da supersafra de 2025. Também esperamos uma desaceleração na indústria e nos serviços, como indicam as pesquisas setoriais do IBGE”, explicou.
Costa disse que essa previsão leva em conta vários indicadores que mostram sinais de fraqueza na produção e nos serviços, além de queda nos índices de confiança.
“Tudo aponta que a economia está crescendo de forma mais moderada depois do impulso inicial da safra”.
Analistas do banco Pine também antecipam um crescimento de 0,3% do PIB entre abril e junho. Para eles, a indústria e os serviços devem crescer, mas a agropecuária deve cair 1,7% após alta de 12,2% no primeiro trimestre.
Na visão da demanda, o principal ponto negativo são os investimentos produtivos, que devem cair 2,3%, conforme o Pine. Seria a primeira queda depois de seis trimestres consecutivos de crescimento.
“A taxa alta de juros e as incertezas no cenário global ajudaram a reduzir os investimentos neste trimestre. Por outro lado, esperamos um crescimento de 0,3% tanto no consumo das famílias quanto nos gastos do governo”, informou o banco.
De acordo com o Pine, se as previsões se confirmarem, a expectativa de crescimento para o ano inteiro será de 2,4% caso o PIB fique estável nos próximos trimestres.
O PIB mede o total de bens e serviços produzidos pelo país em um período e seu aumento indica crescimento econômico.
Apesar dos juros altos, o mercado de trabalho mostrou sinais de força no segundo trimestre, o que pode ter ajudado a evitar uma desaceleração maior do PIB, segundo especialistas.
O banco Itaú prevê crescimento de 0,2% para o trimestre e de 2,2% para o acumulado do ano.
“Mas reconhecemos que há riscos para baixo nessa estimativa, como os efeitos do aumento do IOF e a redução do crédito consignado para beneficiários do INSS”, destacaram as economistas Natalia Cotarelli e Marina Garrido em relatório.
O banco Daycoval projeta crescimento de 0,5% para o segundo trimestre, mas também reconhece que a economia está mostrando sinais claros de desaceleração.