LEONARDO VIECELI E EDUARDO CUCOLO
RIO DE JANEIRO, RJ E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A economia do Brasil apresentou um crescimento pequeno, de apenas 0,1%, entre julho e setembro deste ano, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quinta-feira (4).
Esse ritmo é menor que o do segundo trimestre do ano, quando o PIB avançou 0,3%, e do primeiro trimestre, que teve alta de 1,5%. A estimativa do mercado financeiro para o terceiro trimestre era de 0,2%, segundo a agência Bloomberg, com projeções variando entre queda de 0,5% e crescimento de 0,3%.
No início de 2025, a economia brasileira foi impulsionada por uma safra recorde de grãos, mas a alta nos juros e outros fatores começaram a frear esse crescimento ao longo do ano.
O setor de serviços, que é o maior componente do PIB, praticamente não mudou no terceiro trimestre, com crescimento de apenas 0,1%. Esse setor havia tido avanços maiores nos trimestres anteriores: 0,3% no segundo e 1% no primeiro trimestre.
Por outro lado, a indústria cresceu 0,8% no período, mostrando ligeira aceleração em relação ao segundo trimestre, que teve alta de 0,6%. A agropecuária também cresceu, registrando 0,4%, após queda de 1,4% no trimestre anterior e forte alta de 16,4% no começo do ano.
A taxa básica de juros, conhecida como Selic, ficou estável em 15% ao ano durante o terceiro trimestre. Essa taxa alta dificulta investimentos e o consumo, já que encarece o crédito.
O Banco Central mantém os juros altos para conter a inflação, pois um consumo menor ajuda a controlar os preços.
Apesar das dificuldades, o mercado de trabalho continua forte, com queda no desemprego e aumento da renda, o que ajuda a manter o consumo estável.
O terceiro trimestre também foi marcado por tarifas aplicadas pelo governo dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, afetando as exportações para aquele país. Algumas dessas tarifas foram removidas, e o governo brasileiro busca novas formas de negociar.
Na comparação com o mesmo período de 2024, a economia brasileira cresceu 1,8%, puxada principalmente pelo avanço de 10,1% na agropecuária. A indústria cresceu 1,7% e os serviços, 1,3%.
O QUE ESPERAR PARA O FUTURO?
Segundo a mediana das previsões do mercado financeiro, o PIB brasileiro deve crescer 2,16% em 2025, enquanto o Ministério da Fazenda projeta alta de 2,2%, de acordo com boletins recentes.
Ambas as previsões indicam um crescimento mais lento que em 2024, quando o PIB cresceu 3,4%.
Para 2026, o mercado financeiro estima crescimento de 1,78%, enquanto o Ministério da Fazenda espera uma alta maior, de 2,4%.
Especialistas apontam que o crescimento recente do PIB foi beneficiado por políticas de estímulo à economia adotadas pelo governo de Lula.
No entanto, setores financeiros demonstram preocupação com o cenário fiscal do país e pedem medidas para ajustar as contas públicas.
Há ainda incertezas sobre se o governo abrirá mão de incentivos econômicos antes das eleições de 2026.

