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quarta-feira, 17/12/2025

PF revela ligação entre Bacellar, desembargador e cantor Belo

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A Polícia Federal confirmou que o encontro entre o deputado estadual licenciado Rodrigo da Silva Bacellar (União Brasil) e o desembargador Macário Ramos Júdice Neto não aconteceu por acaso, ressaltando uma relação de amizade e intimidade entre os envolvidos. Essa conclusão aparece em uma decisão que fundamenta a segunda fase da Operação Unha e Carne, deflagrada em 16 de dezembro de 2025, mencionando também a participação do cantor Marcelo Pires Vieira, conhecido como Belo, como elo entre eles.

De acordo com a PF, mensagens interceptadas indicam “expressões de afeto e trocas de declarações calorosas de carinho, que demonstram confiança e lealdade” entre Bacellar e Júdice Neto. Para os investigadores, esse conteúdo revela uma amizade próxima, observada tanto nas conversas diretas quanto nas interações com o cantor.

Em um dos diálogos registrados em 23 de outubro de 2025, Bacellar escreve ao desembargador: “Você é um irmão de vida” e “Não se desgaste com nada porque o melhor que temos, irmão, é amizade verdadeira e reciprocidade”.
Júdice Neto respondeu: “Me liga” e “A conversa foi positiva”, conforme relato da PF.

O papel de Belo

A investigação destaca também a amizade entre Bacellar e o cantor Belo, apontando que ambos têm relações pessoais próximas com o desembargador.

Em conversas de agosto de 2025, Belo enviou mensagens como “Eu te amo” e “Beijos para você e para nossa família”, às quais Bacellar respondeu chamando o artista de “irmão”. Para a PF, o teor afetivo e a frequência das mensagens reforçam o vínculo estreito entre eles.

Encontro antes da Operação

A Polícia Federal informou que evidências indicam que Bacellar e Júdice Neto se encontraram presencialmente na Churrascaria Assador, no Aterro do Flamengo, no dia 3 de setembro de 2025, um dia antes da deflagração da Operação Zargun. A PF acredita que ambos estavam juntos quando Thiago Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, enviava mensagens a Bacellar sobre evasão e destruição de provas.

Essa conclusão se baseia na análise do celular de TH Joias e em imagens captadas por câmeras de segurança do Condomínio Mansões, além de outros dados técnicos coletados nos inquéritos policiais.

Detalhes da Operação Unha e Carne

A segunda fase da Operação Unha e Carne resultou na prisão preventiva do desembargador Macário Ramos Júdice Neto e no cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão contra Rodrigo Bacellar, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As medidas ocorreram no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.

A operação investiga o vazamento de informações sigilosas que teriam beneficiado a facção criminosa Comando Vermelho. Na fase inicial, Bacellar foi detido sob suspeita de divulgar dados da Operação Zargun, que culminou na prisão do ex-deputado estadual Thiago Raimundo dos Santos, o TH Joias.

Segundo a PF, Júdice Neto teria passado informações privilegiadas sobre a operação contra TH Joias, conforme mensagens encontradas no celular de Bacellar, apreendido durante sua detenção.

Macário Ramos Júdice Neto retornou à magistratura em 2023, após 17 anos afastado devido a uma atuação controversa como juiz federal no Espírito Santo. Em 2005, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) determinou seu afastamento em um processo que investigava suspeita de venda de sentenças. Atualmente, ele está preso na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Rodrigo Bacellar, ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), havia sido liberado após decisão do plenário da Casa e responde em liberdade com uso de tornozeleira eletrônica, mas voltou a ser alvo de buscas nesta nova fase da investigação.

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