DANIELLE CASTRO
RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS)
A Polícia Federal arrestou nesta quinta-feira (4) em Minas Gerais um assessor de investimentos suspeito de causar um prejuízo de 11 milhões de reais a seus clientes.
O preso, identificado como Frederico Goz Biagi, 53 anos, residia em Ribeirão Preto, a 313 km da capital São Paulo. Ele é acusado de comandar um esquema fraudulento. Biagi trabalhou de 2020 a 2023 em um escritório de assessoria antes de abrir a própria empresa juntamente com algumas das vítimas.
A defesa do suspeito não comentou até o momento.
A denúncia foi feita pelos sócios que notaram os desvios financeiros. Biagi foi detido em Poços de Caldas, Minas Gerais, durante a Operação Stop Loss da Polícia Federal. Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva em Ribeirão Preto, São Paulo e Rio de Janeiro.
Os crimes ocorreram entre janeiro de 2023 e janeiro de 2024, conforme investigação iniciada em setembro do ano passado a partir da denúncia dos sócios.
Biagi prejudicou inclusive sua própria sócia, com quem mantinha um relacionamento, além da família dela.
Até o momento, dez vítimas foram identificadas, mas a polícia acredita que mais pessoas possam ter sido enganadas. O suspeito permaneceu em silêncio no momento da prisão e ainda não se pronunciou.
A Polícia Federal informou que o preso atraía recursos prometendo altos lucros e investimentos financeiros, mas usava o dinheiro para benefício próprio, aplicando em operações de day trade que resultaram em perdas.
Inicialmente, as transações eram feitas em nome do próprio Biagi, mas depois passaram a ser movimentadas por uma empresa criada em conjunto com as vítimas em 2023, o que facilitou os desvios.
De acordo com o delegado Marcellus Henrique de Araújo, as vítimas são em sua maioria mulheres com cerca de 50 anos, mas também incluem homens que trabalham como advogados, médicos e aposentados.
Uma cliente relatou que Biagi era didático e cordial, mas após algum tempo desapareceu e a carteira de investimentos foi transferida para outro assessor.
Os valores desviados eram enviados para uma conta paralela e as vítimas recebiam extratos falsos, inclusive pagando impostos sobre lucros inexistentes.
Biagi está preso e pode ser responsabilizado por crimes como gestão fraudulenta, apropriação indébita e falsificação de documentos, cujas penas podem variar entre 10 e 37 anos de prisão.
PF INVESTIGA AMPLIAÇÃO DOS DANOS
A Polícia Federal continua buscando identificar o total dos prejuízos, localizar outras vítimas e apurar a participação de terceiros no esquema criminoso.
Os perfis do suspeito nas redes sociais foram apagados, mas há um vídeo antigo da empresa Blue3 Investimentos em que Biagi fala sobre planejamento financeiro.
No vídeo, ele alerta que os brasileiros precisam cuidar de suas finanças e previdência, devido à crise na previdência pública e reformas necessárias.
A Blue3 declarou que Frederico Goz Biagi não tem vínculo com a empresa há quase 10 anos, tendo atuado brevemente na antiga sociedade BlueTrade. A empresa afirmou operar com rigorosos padrões de governança e compliance e garantiu compromisso com a transparência, colaborando com as autoridades sempre que necessário.

