A Polícia Federal organizou o esquema de fraudes envolvendo o INSS em três núcleos distintos: político, financeiro e de comando. O esquema envolvia descontos ilegais nos contracheques de aposentados e pensionistas vinculados à Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores (Conafer).
A investigação aponta que a Conafer funcionava como uma organização criminosa estruturada com hierarquia e funções específicas para cada núcleo. No núcleo de comando, o líder era o presidente da confederação, Carlos Roberto Ferreira Lopes, que orientava as fraudes e gerenciava as articulações políticas.
O núcleo financeiro era gerenciado por Cícero Marcelino de Souza Santos, responsável pela lavagem e movimentação dos recursos desviados por meio de empresas de fachada.
O núcleo político e de apoio envolvia parlamentares, incluindo o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) e seu assessor André Luiz Martins Dias, que garantiam a manutenção do acordo de cooperação técnica com o INSS e protegiam o grupo contra investigações externas.
De acordo com a investigação, Pettersen recebia pagamentos mensais vindos das empresas controladas por Cícero Marcelino e seu assessor, com o objetivo de assegurar proteção política à organização, impedindo fiscalizações e mantendo o convênio ativo com o INSS.
Cúpula do INSS
Em uma fase recente da operação contra fraudes no INSS, a Polícia Federal prendeu o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto, que foi afastado do cargo e pediu demissão anteriormente. Também foram presos outros membros da antiga gestão, como André Felix Fidelis e Virgílio Oliveira Filho, este último procurador-geral do INSS.
Além disso, foram cumpridos mandados de busca contra dois deputados e um ex-ministro da Previdência, José Carlos Oliveira, que passou a utilizar tornozeleira eletrônica após as ações.
O deputado federal Euclydes Pettersen e o deputado estadual do Maranhão Edson Araújo também foram alvos de buscas.
Núcleo financeiro
Na etapa anterior da operação, a Polícia Federal prendeu o empresário Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e também decretou a prisão de Maurício Camisotti. O advogado Nelson Wilians foi alvo de buscas em Brasília e São Paulo.
Posições oficiais
Conafer declarou que todos os citados têm direito à presunção de inocência e defesa assegurada enquanto não houver decisão judicial definitiva, reafirmando sua confiança nas instituições e o respeito pelos direitos dos investigados.
Euclydes Pettersen afirmou não ter qualquer vínculo ilícito com o INSS ou a Conafer e negou envolvimento com a gestão da entidade.
Alessandro Stefanutto declarou classificar sua prisão como ilegal, alegando colaboração com as investigações desde o início.
