São Paulo, 21 – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ordenou nesta segunda-feira, 21, que a Polícia Federal inicie uma investigação sobre possíveis operações irregulares de compra e venda de dólar no dia do anúncio das tarifas comerciais por parte dos Estados Unidos contra o Brasil.
A decisão foi tomada após um pedido do advogado-geral da União, ministro Jorge Messias, que apontou suspeitas de que algumas transações de câmbio foram realizadas em grande volume e pouco antes do anúncio oficial das tarifas, indicando possível uso de informações privilegiadas.
O caso será tratado com sigilo e é conexo a outro inquérito conduzido pelo ministro Moraes, que também envolve o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Operações
No sábado, 19, a Advocacia-Geral da União informou ao STF que alguns investidores teriam lucrado até 50% em poucas horas com operações antes do anúncio das tarifas.
Uma reportagem exibida na sexta-feira, 18, mostrou que grandes transações de câmbio ocorreram tanto antes quanto após o anúncio oficial das tarifas pelos EUA.
Salto no dólar
Spencer Hakimian, gestor do fundo Toulou Capital, declarou que às 13h30 do dia 9 de julho houve um aumento repentino na cotação do dólar, possivelmente por uma compra robusta de 3 a 4 bilhões de dólares, a R$ 5,46.
Minutos após o anúncio das tarifas feito por Donald Trump às 16h17, ocorreu uma venda da mesma magnitude a R$ 5,60, o que poderia ter gerado lucro de até 50% em apenas três horas.
Hakimian destacou que essas operações não são normais e sugeriu que alguém tinha conhecimento prévio das tarifas.
Donald Trump anunciou a taxação em 9 de julho, com início a partir de 1º de agosto, justificando a medida como resposta a ações do Brasil contra empresas americanas.
O presidente americano também criticou o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, reafirmando sua confiança na honestidade do ex-líder brasileiro.
Processos em andamento
A Advocacia-Geral da União afirmou que a investigação sobre Eduardo Bolsonaro visa apurar pressões internacionais sobre a Justiça brasileira através de instrumentos comerciais.
No pedido ao STF, a AGU ressalta que o aumento das tarifas tem o intuito de gerar uma crise econômica que criaria pressão política e social contra o Poder Judiciário e afetaria as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
Além do inquérito no STF, a AGU solicitou à Procuradoria-Geral da República que seja informada e pediu à Comissão de Valores Mobiliários que tome medidas administrativas e civis sobre as transações suspeitas.