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segunda-feira, 23/06/2025




PF investiga ligação de segunda morte com grupo que cobrava para vigiar autoridades

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José Marques
Brasília, DF (FolhaPress)

A Polícia Federal está investigando se o grupo acusado de assassinar o advogado que se tornou o centro das investigações sobre um esquema de venda de decisões judiciais também é responsável por outro homicídio.

Os agentes acreditam que além de ter matado o advogado Roberto Zampieri em dezembro de 2023, o grupo autodenominado Comando C4 (“Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos”) pode também ter assassinado seu braço direito, Marcelo da Silva, meses antes.

Essa suspeita foi apresentada no relatório policial que levou o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Cristiano Zanin a autorizar a sétima fase da Operação Sisamnes, que investiga a venda de decisões e vazamentos de investigações no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

O Comando C4 foi alvo dessa etapa da operação realizada em maio. O grupo é suspeito de assassinato de Zampieri na frente de seu escritório em Cuiabá, com dez tiros dentro de seu carro. O celular dele continha mensagens trocadas com desembargadores, empresários e um lobista, Andreson de Oliveira Gonçalves, que intermediava as negociações com servidores do STJ.

O grupo, que teria como objetivo cometer crimes como espionagem e homicídios encomendados, foi revelado após a operação. A PF considera como líder do C4 o coronel reformado do Exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas.

Investigadores suspeitam que ele tenha sido contratado pelo produtor rural Anibal Manoel Laurindo para orquestrar o assassinato de Zampieri. Anibal tinha interesses em uma disputa de terras na Justiça local.

Em buscas na casa de Caçadini, foram achadas listas com preços para espionagem de autoridades e anotações que mencionavam nominalmente, em um tópico sobre “vigilância armada”, o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Além das suspeitas sobre Zampieri, a polícia também investiga a morte não esclarecida de Marcelo da Silva, que colaborava com Zampieri e era considerado seu braço-direito, ocorrido em junho de 2023.

O corpo de Marcelo foi encontrado carbonizado dentro de uma caminhonete incendiada no interior de Mato Grosso. Na mesma época, a esposa de Anibal comprou passagens para que Caçadini viajasse a Cuiabá.

A polícia destaca a possibilidade de essa viagem estar ligada ao homicídio de Marcelo, pois no mesmo dia foi reportado o desaparecimento de Marcelo para a Polícia Militar de MT. Alguns dias depois, seu corpo foi encontrado carbonizado entre as cidades de Querência e Ribeirão Cascalheira.

Na decisão, o ministro Cristiano Zanin afirmou que a autoridade policial apontou indícios de conexão entre integrantes do C4 e os assassinatos.

A Polícia Civil de Mato Grosso, que investiga a morte de Marcelo da Silva, também considera como possíveis suspeitos policiais militares e aponta disputa por terras e dívidas como possíveis motivações.

Em nota, os advogados de Caçadini, Sarah Quinetti, Ronaldo Lara e Sérgio Figueiredo, disseram que ainda não tiveram acesso aos autos e afirmaram que os fatos não se relacionam com qualquer outro homicídio.

“Confiamos nas autoridades e somos contra quaisquer ataques às nossas autoridades e contra o Estado democrático de Direito.”

A defesa de Anibal preferiu não se pronunciar por conta do sigilo das investigações.

As investigações da Polícia Federal sobre o Comando C4 levantam também outras suspeitas além dos homicídios. Diálogos encontrados nos celulares dos suspeitos mostraram que o grupo discutia desde o nome que usariam, o logo até brincadeiras sobre serem uma equipe de milicianos.

A PF destaca a suspeita de que outras pessoas também eram alvo do grupo. Um relatório policial cita conversas sobre uma pessoa monitorada pelo grupo, identificada apenas como “garçom”. Segundo os relatos, havia uma “tocaia em andamento”.

Os membros do grupo também comentavam que o possível assassino de Zampieri era uma “máquina de matar”.

O vocabulário militar usado pelo grupo, como “excelente aquisição ao pelotão”, indica que mais pessoas participavam das ações do grupo.

Na operação do dia 28, o ministro Cristiano Zanin autorizou cinco prisões preventivas, incluindo as de Caçadini e Anibal, além de busca, apreensão e outras medidas cautelares contra os envolvidos.




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