A PF entendeu que Xavier poderia ter agido para evitar a situação de conflito que se instaurou no Vale do Javari, no norte do Amazonas, onde ocorreu o crime
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) Marcelo Xavier pelo crime de homicídio com dolo eventual no caso dos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
Segundo a legislação penal, essa imputação ocorre quando o agente não teve a intenção de matar, mas assumiu o risco de que isso pudesse acontecer. A pena prevista é de 6 a 20 anos de prisão.
Homicídio com dolo eventual
A PF entendeu que Xavier poderia ter agido para evitar a situação de conflito que se instaurou no Vale do Javari, no norte do Amazonas, onde ocorreu o crime.
Homicídio com dolo eventual
A PF entendeu que Xavier poderia ter agido para evitar a situação de conflito que se instaurou no Vale do Javari, no norte do Amazonas, onde ocorreu o crime.
Santos chegou a trabalhar junto com Pereira em ações de combate ao crime ambiental no Vale do Javari, que fica próximo à tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. A reserva abriga a maior concentração de indígenas isolados do país e vinha sendo pressionada por pescadores ilegais e narcotraficantes.
No entendimento da PF, não foi tomada ações para diminuir os riscos dos servidores da Funai após o assassinato de Dom Phillips. Três anos depois, Pereira seria morto. Ele foi demitido do cargo de coordenador-geral de Indígenas Isolados da Funai por divergências com a antiga diretoria.
Envolvidos no crime
Além de Xavier, a PF também indiciou o ex-coordenador geral de Monitoramento Territorial da Funai Alcir Amaral, que chegou a visitar a região em 2019 para tomar conhecimento sobre as ameaças enfrentadas pelos servidores.
Delegado da Polícia Federal, Xavier foi nomeado para a presidência da Funai durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em julho de 2019 e foi exonerado em dezembro de 2022. Ele foi alçado ao posto por indicação da bancada ruralista.
Procurado, Xavier não retornou aos contatos da reportagem.
O duplo homicídio na selva
O assassinato de Bruno e Dom aconteceu em junho de 2022, quando os dois despareceram durante uma expedição no Vale do Javari. Os dois foram mortos a tiros, esquartejados e tiveram os corpos enterrados. A PF conseguiu localizar os restos mortais da dupla com o auxílio de indígenas.
Segundo as investigações, eles foram mortos como represália à atuação do indigenista para coibir a pesca ilegal na região. O jornalista, por sua vez, estava o acompanhando na missão.
Em janeiro deste ano, a PF concluiu que o crime foi encomendado por Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia. O suspeito já responde na Justiça Federal por um processo em que é acusado de liderar a pesca ilegal no Vale do Javari. Ele está preso desde dezembro acusado de ser o mandante do crime.
— Não tenho dúvida que o mandante foi o Colômbia. Temos provas que ele fornecia as munições para o Jefferson e o Amarildo, as mesmas encontradas no caso. Ele pagou o advogado inicial de defesa do Amarildo — disse o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Fontes, na ocasião.