A operação Sande Castle deu cumprimento a 23 mandados judiciais de busca e apreensão. Dinheiro foi apreendido na casa do vereador Márcio da Farinha, em Cruzeiro do Sul.
A Polícia Federal apreendeu mais de R$ 100 mil e uma arma na casa do vereador Márcio Nascimento de Souza, mais conhecido como Márcio da Farinha, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, durante o cumprimento de 23 mandados judiciais, nessa terça-feira (7), nas ações da Operação Sand Castle, que ocorreu também nas cidades de Marechal Thaumaturgo e Rio Branco.
A investigação da PF tem como objetivo combater crimes de fraude à licitação, desvios de recursos, lavagem de dinheiro, organização criminosa e estelionato previdenciário no município de Marechal Thaumaturgo, cujo vice-prefeito Valdélio Furtado também estaria envolvido.
O advogado de Marcio da Farinha, Jairo Castro, nega o envolvimento do vereador na possível fraude investigada pela polícia. Alegou também que ele não participa de processos licitatórios e afirma ainda que o dinheiro encontrado faz parte do trabalho comercial de compra e venda de farinha do vereador.
“Meu cliente está tranquilo, não participa de processo licitatório, a empresa dele nunca participou de pregão algum. Então, está muito tranquilo com relação ao esclarecimento dessa investigação”, disse o advogado.
Castro explica ainda que o vereador não chegou a ser preso, nem conduzido e que se apresentou espontaneamente na delegacia, prestou esclarecimentos e depois foi liberado. E afirmou que o dinheiro encontrado faz parte do trabalho de compra e venda de farinha.
“O Márcio exerce atividade de compra e venda de farinha e, claro, essa atividade dele demanda dinheiro em espécie porque a farinha é comercializada na zona rural, onde não passa cartão e precisa realmente de dinheiro. Inclusive, o pedido de restituição destes valores vai ser feita ainda no dia de hoje [quarta,8]. Estamos apenas aguardando a liberação do acesso ao processo e comprovar a licitude do dinheiro”, afirma.
Operação
De acordo com a investigação da PF, estão envolvidos no esquema, o vice-prefeito e o vereador que se utilizam de laranjas para movimentar os recursos provenientes da prática dos crimes.
A investigação teve início no ano passado após o Tribunal de Contas do estado Acre (TCE) informar que uma construtora em que a sócia recebia o auxílio emergencial e apresentava indícios de ter uma empresa de fachada, ou seja, pessoa jurídica criada para fraudar certames públicos e ocultar esquemas de desvios e lavagem de dinheiro.
Durante os trabalhos de investigação, a polícia descobriu que empresários, servidores públicos e laranjas utilizavam a construtora e outras duas empresas para direcionar licitantes vencedores através de fraude na entrega dos documentos, promovendo uma espécie de rateio das contratações entre as empresas participantes.
Os envolvidos estão sendo investigados por lavagem de dinheiro, organização criminosa e estelionato previdenciário.
Dos 23 mandados judiciais cumpridos na cidade, 15 foram na cidade de Marechal Thaumaturgo; sete em Cruzeiro do Sul e um em Rio Branco. Ao todo, 50 policiais participaram da operação.
Desvios
Só ano passado, segundo a PF, foi mais de R$ 1,6 milhão à essa empresa que não possuía sede e ainda um único funcionário registrado. Além disso, a maior pista é que a sócia recebia o auxílio federal.
A Operação Sand Castle teve por finalidade apurar a contratação de empresas que, embora legalmente constituídas, não contam com estrutura física e logística para implementar obras no município, ou seja, empresas de fachada, que ganharam o certame licitatório por meio de fraude à licitação, com objetivo de lavar dinheiro proveniente do desvio de recursos públicos, ocultando a verdadeira identidade dos sócios e causando prejuízo de mais de R$ 6 milhões ao município de Marechal Thaumaturgo, somente nos anos de 2017 a 2021.