Aléxia Sousa
Rio de Janeiro, RJ (FolhaPress)
A Polícia Federal decidiu afastar temporariamente um delegado e um policial civil do Amapá devido a uma investigação sobre um esquema de contrabando de ouro, corrupção e lavagem de dinheiro. A operação chamada Cartucho de Midas ocorreu em Oiapoque, Macapá e Rio de Janeiro.
Os servidores afastados são o delegado Charles Corrêa, 52 anos, e o policial civil Daniel Lima das Neves, 54 anos, ambos atuantes em Oiapoque. As defesas afirmam que eles não participaram de atos ilegais e negam qualquer má conduta.
Durante a operação, 13 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, com a apreensão de mais de R$ 1 milhão e 25 mil euros (equivalente a R$ 154 mil). Uma pessoa foi presa em flagrante por posse de arma de uso restrito.
A Justiça determinou o afastamento cautelar dos funcionários públicos envolvidos, proibiu contato entre eles e restringiu o acesso às delegacias e unidades de segurança pública.
A investigação começou após identificar movimentações bancárias incomuns, incompatíveis com a renda dos investigados. Foi observado um esquema em que joalherias de vários estados repassavam dinheiro para um posto de combustível em Oiapoque, que então transferia valores para um agente público, levantando suspeitas de lavagem de dinheiro proveniente do comércio ilegal de ouro.
A Polícia Federal encontrou indícios de movimentações financeiras superiores a R$ 4,5 milhões envolvendo servidores públicos e empresas de fachada para ocultar dinheiro. Os investigados podem responder por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa e peculato.
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Amapá acompanha o caso e iniciou um inquérito para apurar a conduta dos servidores.
O corregedor-geral Daniel Marsili declarou que a Polícia Civil está colaborando com as investigações e iniciará um processo administrativo, ressaltando que esse caso não representa a atuação das forças de segurança do Amapá.
A defesa de Charles Corrêa informou que ele não participou de qualquer atividade ilegal e que seu afastamento é uma medida administrativa de rotina, ressaltando seus mais de 15 anos no combate ao crime organizado, incompatíveis com as acusações.
A defesa de Daniel Lima das Neves, representada pelo escritório Ramos e Segato Advocacia, afirmou que fará uma análise detalhada do inquérito e que a inocência dos dois será comprovada.
Charles Corrêa foi candidato a prefeito de Oiapoque em 2024 pelo PSB e disputou vaga para deputado federal em 2022 pelo PL, sem sucesso. Neves concorreu a uma vaga de vereador em 2024, também pelo PSB.

