Uma pesquisa anual da Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), referente a 2021, mostrou que muitos tutores consideram seus pets como membros da família, levando-os a compartilhar momentos como idas à praia, principalmente cães. Contudo, esse hábito pode trazer desafios tanto para a comunidade quanto para a saúde dos animais e das pessoas que frequentam esses locais.
Segundo o Dr. Yan Cesar, veterinário especialista em Cardiologia Veterinária, os cães que visitam praias enfrentam alguns riscos. Ele destaca a preocupação com parasitas intestinais que podem ser adquiridos pelo contato com água contaminada, como giardíase e leptospirose, ou pela areia e solo, principalmente parasitas do gênero Ancylostoma. Esses parasitas podem causar sintomas como diarreia, constipação, tosse seca e falta de apetite.
Animais com pelagem clara ou com áreas do corpo pouco peludas devem usar protetor solar específico para pets, alerta o Dr. Yan Cesar. É fundamental oferecer água fresca e evitar exposição prolongada ao sol. Além disso, a supervisão constante é necessária, pois nem todos os pets gostam ou sabem nadar na água do mar, garantindo um passeio divertido e seguro.
A médica veterinária cirurgiã, Milena Gravino, enfatiza a importância de manter as vacinas e a vermifugação dos animais em dia para prevenir doenças durante a visita à praia. Animais braquicefálicos, como Pugs, Shih Tzus e Buldogues, são mais suscetíveis a hipertermia devido ao calor intenso.
Um dos principais desafios das praias públicas com animais é a questão da higiene. É crucial que os tutores recolham os resíduos deixados por seus pets para manter o local limpo e evitar riscos à saúde pública. O respeito pelo ambiente e o descarte adequado dos resíduos contribuem para o bem-estar coletivo.
Além disso, o comportamento dos animais deve ser monitorado, pois situações de agressividade ou desconforto podem ocorrer. A segurança de todos, inclusive de outros pets e crianças, deve ser prioridade. Conhecer a personalidade do animal ajuda a avaliar a possibilidade de levá-lo para a praia.
Do ponto de vista ambiental, praias são ecossistemas delicados que podem ser prejudicados pela presença de animais. Portanto, a circulação dos pets deve ser feita com responsabilidade, especialmente em áreas de proteção ambiental.
Legislação e regulamentação
Nos Estados Unidos, em locais como a Huntington Dog Beach, na Califórnia, existem regras claras para a circulação de cães, incluindo eventos como o Surf City Surf Dog, um famoso campeonato para cães surfistas. No Brasil, não há legislação federal unificada sobre o tema, ficando a cargo dos estados e municípios. No Rio de Janeiro, por exemplo, os cães podem frequentar praias, desde que o tutor apresente comprovação de vacinação, vermifugação e ausência de doenças, sendo vedada a presença de animais agressivos.
Dicas para tutores que levam pets à praia
- Informe-se sobre as regras locais: Conheça as normas da praia quanto à presença de animais.
- Mantenha o pet sob controle: Use coleira para garantir segurança e evitar conflitos.
- Recolha os resíduos: Sempre limpe o ambiente após a passagem do seu animal, levando sacos para lixo.
- Cuide da saúde e segurança: Observe o comportamento do seu pet, evitando contato com estranhos e plantas tóxicas. Não permita que ele ingira objetos ou restos de comida encontrados na areia.
- Use identificação: Uma coleira com identificação facilita localizar seu pet caso ele se perca.
- Proteja seu animal do calor: Evite exposição excessiva ao sol e ofereça água fresca e sombra. Considere protetor solar para pets com pelagem clara.
- Respeite o meio ambiente: Preserve áreas de conservação e evite que seu pet perturbe a fauna e flora locais.
Garantir a segurança e o respeito em passeios com animais nas praias contribui para a convivência harmoniosa entre tutores, pets, demais frequentadores e o meio ambiente.