A Petrobras está retornando oficialmente ao setor de distribuição de combustíveis, seis anos depois de ter vendido a BR Distribuidora. A decisão foi aprovada pelo Conselho de Administração da empresa em reunião realizada na última quinta-feira, dia 7.
De acordo com comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras planeja expandir a distribuição de GLP, que é o gás de cozinha, integrar esse negócio com outras operações no Brasil e no exterior, e oferecer soluções que gerem menos impacto ambiental aos clientes.
Segundo informações do Broadcast, sistema de notícias do Grupo Estado, o Conselho decidiu que ainda é cedo para a Petrobras voltar a atuar nos postos de combustíveis, porque até 2029 a empresa não pode competir com a Vibra (antiga BR Distribuidora) devido a um contrato. A marca Petrobras continua pertencendo à Vibra por mais dez anos.
A BR Distribuidora foi vendida em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, por R$ 9,6 bilhões. Na época, a empresa era a maior distribuidora do país, com 30% do mercado de combustíveis e lubrificantes e quase 8 mil postos de abastecimento.
Para aprovar a venda, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a privatização da BR Distribuidora sem necessidade de aval do Congresso Nacional. A Petrobras justificou que a venda fazia parte de um plano para reduzir dívidas e aumentar investimentos no pré-sal.
O retorno da Petrobras à distribuição de gás de cozinha acontece num momento em que o governo está lançando o programa “Gás para Todos”, que pretende distribuir botijões gratuitos para famílias de baixa renda. A estatal havia vendido a Liquigás em 2020 para um consórcio formado pela Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás por R$ 4 bilhões.
Analistas de mercado não receberam bem a notícia. Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, afirmou que a medida é vista de forma negativa, pois o setor tem margens de lucro estreitas, o que pode diminuir a eficiência no uso do capital e reduzir os ganhos da empresa.
O banco Citi destacou em relatório que os investimentos da Petrobras estão maiores do que o previsto, indicando que a empresa está próxima de alcançar a meta de US$ 18,5 bilhões. Os analistas também chamaram atenção para a dívida bruta da empresa, que ultrapassou US$ 65 bilhões pela primeira vez em muito tempo.
Conteúdo por Estadão