São Paulo, 07 – O Ibovespa continuou subindo pela 13ª vez consecutiva, atingindo um novo recorde de fechamento. Essa série de altas é a maior desde 1994, aproximando-se até do desempenho registrado na época do real.
Hoje o índice fechou com ganho de 0,47%, alcançando 154.063,53 pontos, apesar da correção em outros mercados, em especial Nova York. O volume negociado foi de R$ 24,2 bilhões. No ano, o Ibovespa já acumula alta de 28,08%, a caminho do melhor desempenho desde 2019.
O principal impulsionador foi o desempenho positivo da Petrobras após divulgação de resultados trimestrais e anúncio de dividendos próximos a R$ 12 bilhões. Outros setores, como bancos, também fecharam em alta, enquanto o setor metálico apresentou perdas, com a Vale em baixa de 1,10%.
José Áureo Viana, economista e sócio da Blue3 Investimentos, destaca que seria natural uma realização de lucros após uma série tão longa de altas, mas o bom desempenho da Petrobras manteve o índice firme.
Rachel de Sá, estrategista da XP, explica que o otimismo na Bolsa permanece apesar da alta taxa Selic mantida pelo Banco Central e da ausência de sinais claros sobre redução dos juros no próximo trimestre. A temporada de bons resultados corporativos tem sustentado o apetite por ações. Ela observa ainda uma rotação global de investimentos, diminuindo o foco em empresas de inteligência artificial e ampliando a busca por ativos alternativos.
Nos Estados Unidos, o índice tecnológico Nasdaq fechou em leve baixa, enquanto o Dow Jones e o S&P 500 subiram discretamente. O dólar no mercado brasileiro recuou 0,25%, alcançando o menor nível desde outubro. A expectativa do mercado é que o Federal Reserve volte a cortar juros em dezembro, o que favorece o real e os ativos brasileiros.
dólar
O dólar no mercado local caiu durante a tarde em reação a dados econômicos americanos que indicam espaço para cortes de juros pelo Fed. A moeda americana fechou em R$ 5,3357, queda de 0,25%, atingindo o menor valor desde 6 de outubro. Essa foi a terceira queda consecutiva no câmbio, acumulando perda de 0,83% na semana e 13,66% no ano.
Na parte da manhã, o dólar havia subido momentaneamente a R$ 5,3656, devido a ajustes técnicos e realização de lucros, fatores que foram revertidos à tarde com a melhora da confiança do consumidor americano.
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, comenta que a incerteza sobre tarifas americanas e seu impacto na China aumentam a volatilidade nas moedas emergentes, mas a queda do dólar traz alívio para o real.
O índice DXY, que mede o dólar frente a uma cesta de moedas fortes, apresentou leve queda ao redor de 99,6 pontos, depois de atingir uma mínima próxima de 99,4. A moeda americana recuou cerca de 0,10% na semana.
O prolongamento do shutdown nos EUA traz riscos ao crescimento econômico e ao sentimento do consumidor, mas a atividade ainda mostra sinais de resistência.
Velloni destaca a possibilidade de novo corte de juros nos EUA em breve, o que enfraqueceria o dólar e beneficiaria o real.
Investidores estrangeiros têm reduzido posições compradas em dólar no mercado brasileiro, atentos à alta da taxa de juros local, que torna caro sustentar apostas contra o real.
Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, aponta que o comunicado duro do Copom e a manutenção da Selic em 15% sustentam o diferencial de juros interno e atraem capital especulativo ao Brasil.
Embora haja mais volatilidade devido a ajustes técnicos e incertezas sobre os cortes de juros nos EUA, a expectativa é que o real se mantenha forte nos próximos meses.
juros
Os juros futuros no Brasil praticamente não se moveram em uma sessão com liquidez reduzida e alta tímida do Ibovespa. A curva de juros teve oscilações pequenas durante o dia, refletindo ajustes técnicos e cautela do mercado.
Após o tom firme do Copom na última reunião, que indicou não haver pressa em reduzir a Selic, o mercado tenta entender melhor a avaliação do Banco Central, aguardando a ata da decisão que será divulgada em breve.
Marcelo Bacelar, gestor da Azimut Brasil Wealth Management, comenta que o tom do Copom foi mais rigoroso do que algumas expectativas, dificultando a possibilidade de corte da Selic em janeiro. Isso impacta principalmente os vencimentos mais curtos da curva de juros.
O cenário político e econômico para 2026, incluindo eleições e possíveis estímulos à economia, também gera cautela e baixa volatilidade dos juros futuros.
Na visão do Santander, apesar do tom duro do Copom, a curva de juros mantém seu formato, projetando Selic em 12,5% no final de 2026 e possível flexibilização a partir do próximo ano.
Bacelar acredita que o mercado de renda fixa deve sair da letargia em breve, com cortes de juros mais próximos e mudanças na diretoria do Banco Central em dezembro.
Estadão Conteúdo
