NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A Petrobras está analisando o uso de energia nuclear para diminuir a poluição gerada por suas plataformas de petróleo no mar, que atualmente funcionam com equipamentos que usam gás natural.
O plano é desenvolver pequenos reatores nucleares, chamados SMRs (reatores modulares pequenos), que podem ser fabricados em fábricas e transportados para perto das plataformas.
Em uma apresentação na Rio Innovation Week, Fabio Passarelli, consultor de projetos da Petrobras, destacou a importância de uma parceria com a Marinha do Brasil para acelerar essa tecnologia.
Segundo ele, os reatores poderiam fornecer energia direta para as plataformas, substituindo o gás. Inicialmente, eles poderiam ficar em embarcações próximas, ou dependendo da tecnologia, até sobre as plataformas ou no fundo do mar.
No início do ano, a Petrobras relatou que suas atividades em exploração e produção emitiram 15,3 kg de CO² por barril de petróleo, um aumento pequeno em relação ao ano anterior devido à queima de gás em novas plataformas do pré-sal.
Reduzir essas emissões é uma prioridade da área de Transição Energética e Sustentabilidade da companhia, a qual vê a eletrificação como uma solução importante.
Fabio Passarelli também explicou que os pequenos reatores não serviriam apenas para as plataformas atuais. Eles poderiam ajudar a explorar reservas de petróleo menores ou aumentar a produção em campos já em funcionamento, onde a energia disponível é limitada.
Às vezes, grandes campos têm mais petróleo a ser extraído, mas a falta de energia nas plataformas impede esse avanço. Com energia nuclear modular, seria possível superar essa dificuldade.
O diretor geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, Alexandre Rebello, comentou que o desenvolvimento da tecnologia ainda enfrenta desafios, como a necessidade de mão de obra qualificada e materiais produzidos no país.
Fabio Passarelli reconhece que é um grande desafio desenvolver a tecnologia, testar sua segurança e garantir que ela seja aceita pelo público.
Ele acredita que o Brasil pode criar uma solução segura e econômica em energia nuclear que ajude a reduzir a emissão de poluentes.