NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, declarou nesta sexta-feira (5) que o processo para mudar a estrutura da Braskem está avançando bem e que um novo acordo entre os acionistas pode ser fechado ainda este ano.
Na quarta-feira (3), as ações da Braskem subiram na B3 devido a notícias sobre progresso nas conversas para transferir o controle da empresa, atualmente nas mãos da Novonor (antiga Odebrecht), para a gestora de recursos IG4.
A Petrobras, que é a principal acionista minoritária, precisa aprovar essa operação e o novo acordo entre os sócios. Os bancos credores esperam que o acordo entre Novonor e IG4 seja assinado na próxima semana.
Magda disse em entrevista na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) que as discussões sobre o possível novo acordo de acionistas estão avançadas, mas que ainda faltam ajustes na estrutura societária.
Ela espera que o acordo seja fechado até o fim do ano e ressaltou que a Petrobras quer ter mais influência na gestão da Braskem, sem contudo reestatizar a empresa.
Magda também afirmou que não há planos para a Petrobras investir dinheiro para capitalizar a Braskem no momento.
A Petrobras detém 47% das ações com direito a voto da Braskem, que é controlada pela Novonor. As ações da Novonor foram usadas como garantia para empréstimos bilionários com vários bancos.
Novonor e IG4 já chegaram a um acordo que mantém a Novonor com uma participação de 4% na Braskem, faltando apenas alinhar detalhes com a Petrobras. A IG4 espera fechar o acordo em breve, mas sabe que as negociações podem demorar mais.
A Novonor confirmou as conversas, mas negou que tenha assinado qualquer acordo. A Braskem não participa das negociações sobre venda de ações, e a IG4 afirmou que as conversas ainda não estão concluídas.
Essa não é a primeira vez que a Novonor tenta vender sua participação na petroquímica. Houve conversas avançadas com várias empresas internacionais e brasileiras.
O último episódio dessa negociação envolveu o empresário Nelson Tanure, que chegou perto de um acordo, mas não finalizou o negócio.
A Braskem é a sexta maior petroquímica do mundo, com operações em dez países. A empresa tem enfrentado dificuldades devido à queda nos preços das matérias-primas e à competição com produtos americanos no Brasil.
Atualmente, a Braskem opera com 30% de sua capacidade ociosa e também enfrenta problemas relacionados ao dano ambiental em Maceió, causado pelo afundamento de minas subterrâneas de sal-gema.
No seu novo plano de negócios, divulgado na semana passada, a Petrobras reafirmou seu interesse em retomar participação no setor petroquímico, que havia sido deixado em segundo plano pela gestão anterior.
Recentemente, a Petrobras anunciou investimentos na produção de matérias-primas a partir do gás natural no Complexo Boaventura (antigo Comperj) e na expansão de uma unidade da Braskem no Rio de Janeiro.

