O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, declarou nesta quinta-feira (9/10) que o cessar-fogo entre Israel e Hamas só foi alcançado devido à pressão internacional contra os Estados Unidos e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Segundo ele, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “foi peça chave no conflito”.
“Enquanto Trump apoiasse Netanyahu, a violência e sofrimento continuariam sem fim. Apenas ao isolar a maioria dos países europeus das decisões do governo norte-americano, foi possível separar Trump e Netanyahu, ainda que de forma temporária e parcial. Trump detinha a chave do conflito; sem o suporte militar dos EUA, Netanyahu não conseguiria prosseguir com sua agressão”, afirmou Petro.
O líder colombiano comemorou o acordo de trégua e manifestou esperança de que o cessar-fogo definitivo conduza à formação de um Estado Palestino. “Celebramos com o povo palestino uma nova trégua. Estamos conscientes das falhas em acordos anteriores e esperamos que desta vez avancemos rumo à autodeterminação da Palestina”, disse.
Petro enfatizou o papel fundamental de países como Catar, Egito, África do Sul e Colômbia no processo de mediação para alcançar a paz. Ele destacou que essa pressão foi vital para romper o vínculo entre Trump e Netanyahu. “Somente por meio da pressão humanitária, feita por mediadores experientes como Catar e Egito, e com o firme posicionamento da África do Sul, Colômbia e diversos outros países, foi possível afastar Trump de Netanyahu”, escreveu.
Além disso, Petro afirmou que, uma vez respeitada a autodeterminação da Palestina, a Colômbia apoiará a formação de um exército internacional para auxiliar na reconstrução do território, trabalhando lado a lado com a população palestina.
A declaração do presidente colombiano veio poucas horas após o anúncio oficial de Donald Trump sobre o fim da guerra entre Israel e Hamas, dois anos após o início do conflito. O acordo, mediado por Catar, Egito e Estados Unidos, inclui a libertação de reféns israelenses em troca da soltura de cerca de dois mil prisioneiros palestinos e a retirada gradual das tropas israelenses da Faixa de Gaza.
“Na noite passada, alcançamos um avanço importante no Oriente Médio. Colocamos fim à guerra em Gaza e garantimos a libertação de todos os reféns remanescentes”, afirmou Trump em entrevista na Casa Branca. Ele declarou que Gaza será reconstruída com o apoio dos países da região.
O Hamas confirmou o cessar-fogo permanente. Khalil al-Hayya, chefe da delegação palestina nas negociações realizadas no Egito, disse: “Recebemos garantias dos mediadores e do governo americano de que a guerra terminou completamente”.
Conflito diplomático entre Petro e Trump
A relação entre Petro e Trump tem sido marcada recentemente por confrontos diplomáticos e críticas públicas. No final de setembro, o presidente colombiano chegou a declarar que o ex-presidente norte-americano merece ser preso por ser cúmplice da ofensiva israelense em Gaza, qualificando-a como genocídio.
“Se o senhor Trump continuar a ser cúmplice de genocídio como está sendo atualmente, ele não merece outra coisa senão ser preso”, disse Petro durante uma reunião de gabinete.
Esse episódio ocorreu após o Departamento de Estado dos EUA cancelar o visto do colombiano, acusando-o de incentivar soldados americanos a desobedecer durante manifestações pró-Palestina em Nova York.