A Justiça do Peru decidiu na quarta-feira (13/8) pela prisão preventiva de cinco meses do ex-presidente Martín Vizcarra, devido ao risco de fuga. Atualmente, ele está enfrentando uma possível condenação em um processo relacionado a denúncias de recebimento de subornos.
Após a determinação, Vizcarra foi detido pela Polícia Nacional e levado para o presídio de Barbadillo, localizado na região de Lima, onde também estão detidos três outros ex-presidentes do Peru: Alejandro Toledo, acusado de lavagem de dinheiro, Pedro Castillo, por tentativa de golpe de Estado, e Ollanta Humala, por corrupção.
Ao longo das últimas duas décadas, o Peru contabilizou seis ex-presidentes detidos, incluindo Alberto Fujimori e Pedro Pablo Kuczynski. Alan Garcia cometeu suicídio em 2019 quando estava prestes a ser preso em sua residência.
Desde o fim da ditadura militar em 1980, apenas quatro dos onze políticos que ocuparam a presidência do Peru não enfrentaram problemas judiciais após o término de seus mandatos.
Presídio exclusivo para ex-presidentes
O presídio de Barbadillo, situado na sede da Diretoria de Operações Especiais da Polícia do Peru, foi inaugurado nos anos 2000, inicialmente para abrigar exclusivamente o ex-presidente Alberto Fujimori, que governou entre 1990 e 2000. Condenado por crimes contra a humanidade, Fujimori ficou preso ali entre 2007 e 2023, exceto por um breve período entre 2018 e 2019, quando recebeu um indulto posteriormente revogado.
Com o avanço da investigação da Operação Lava Jato no Peru, que envolveu políticos locais em casos de corrupção ligados à empresa Odebrecht, o número de detidos no presídio aumentou. Em 2017, Ollanta Humala, que presidiu o país entre 2011 e 2016, passou a cumprir pena em Barbadillo, retornando em 2025 após ser condenado a 15 anos de prisão.
Em dezembro de 2022, o ex-presidente Pedro Castillo começou a cumprir pena no mesmo local, após ser destituído em meio a uma tentativa de autogolpe. No ano seguinte, Alejandro Toledo, presidente entre 2001 e 2006, também foi encarcerado, condenado a 20 anos por lavagem de dinheiro no caso Odebrecht.
Prisão domiciliar e suicídio
Pedro Pablo Kuczynski, que foi presidente de 2016 até sua renúncia em 2018 durante processo de impeachment, cumpriu três anos de prisão domiciliar entre 2019 e 2022, enfrentando acusações de corrupção relacionadas à Odebrecht. Em 2025, ele continuava sob medidas cautelares.
Alan Garcia, presidente em dois mandatos (1985-1990 e 2006-2011), também estava implicado no caso Odebrecht. Em 2019, quando policiais tentaram prender-lhe, ele tirou a própria vida.
Prisões relacionadas a períodos anteriores à presidência
Martín Vizcarra, que governou o Peru de 2018 a 2020, foi afastado após um processo de impeachment. Sua prisão atual está ligada a acusações de suborno envolvendo sua gestão como governador regional de Moquegua (2011-2014) e como vice-presidente (2016-2018).
Em audiência pública, o juiz expôs as acusações apresentadas pelo procurador Germán Juárez, que indicou pagamentos ilegais recebidos por Vizcarra de empresas contratadas para obras públicas.
A decisão judicial foi baseada no risco processual e possibilidade de fuga, sem estabelecer culpa definitiva. Antes da detenção, Vizcarra buscava reverter três condenações que o tornaram inelegível por dez anos e demonstrava interesse em disputar as eleições presidenciais de 2026.