O Congresso do Peru decidiu nesta quinta-feira (6/11), com 63 votos favoráveis e 34 contrários, declarar a presidente do México, Claudia Sheinbaum, como “persona non grata”. Conforme relatado pelo jornal El País, tal medida foi tomada devido à concessão de asilo, dentro da própria embaixada mexicana em Lima, à ex-primeira-ministra peruana, Betsy Chávez.
O governo mexicano classifica Chávez como uma refugiada política, enquanto no Peru ela enfrenta investigação pela suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente peruano Pedro Castillo.
Processo Judicial
Betsy Chávez tem sido julgada desde março de 2025 junto com Pedro Castillo pelo crime de rebelião. Ela responde ao processo em liberdade, ao passo que Castillo está detido preventivamente desde dezembro de 2022.
Na época, Castillo buscava evitar a terceira moção de vacância no Parlamento — similar a um processo de impeachment — tendo dissolvido o Congresso de forma constitucional e convocado novas eleições, mas foi retirado do cargo mesmo assim.
A votação do Congresso sustenta a declaração do ministro das Relações Exteriores peruano, Hugo de Zela, que qualificou a concessão do asilo pelo México como um “ato hostil”.
Anteriormente, em setembro, a Comissão de Relações Exteriores do Congresso peruano já havia indicado a necessidade de declarar Sheinbaum como indesejada, motivada pela ausência de condenação à tentativa de golpe de Castillo e pela defesa que ela fez dele visando sua libertação.
No dia 4 de novembro, o Peru rompeu relações diplomáticas com o México, decisão também gerada em razão do refúgio concedido à ex-primeira-ministra.
Em sua conta na rede social X, o Ministério das Relações Exteriores mexicano expressou rejeição à ruptura, destacando que a concessão de asilo foi um ato legítimo e conforme o direito internacional.
O governo peruano declarou que realizou o rompimento diplomático devido às frequentes interferências do México em assuntos internos do Peru.
Tentativa de Golpe
Pedro Castillo, ex-presidente do Peru e associado de Betsy Chávez, está encarcerado desde dezembro de 2022 após ser acusado de tentar realizar um autogolpe de Estado. Na ocasião, ele tentava evitar sua destituição no Parlamento pela terceira vez, procedimento análogo ao impeachment. Para isso, dissolveu o Congresso e convocou eleições antecipadas, uma ação prevista na Constituição peruana, mas mesmo assim foi removido do cargo presidencial.
