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domingo, 24/11/2024
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Perito morto por militares da Marinha foi jogado ainda vivo no Rio Guandu, aponta laudo

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Causa da morte de Renato Couto foi asfixia por afogamento. Parentes reconheceram o corpo ainda às margens do Arco Metropolitano. Quatro pessoas foram presas.

Buscas pelo perito Renato Couto de Mendonça em Japeri — Foto: Reprodução

O papiloscopista morto por militares da Marinha foi jogado ainda vivo no Rio Guandu, segundo apontou a declaração de óbito. A causa da morte de Renato Couto foi asfixia por afogamento. Ele também teve hemorragia, causada pelos tiros que levou no abdômen e na perna.

Seu corpo foi localizado na manhã desta segunda-feira (16), três dias após o crime. Parentes o reconheceram ainda às margens do rio e se emocionaram.

O Globocop sobrevoava a área das buscas quando avistou um corpo parcialmente submerso preso sob galhos. Bombeiros o recolheram e o levaram para o solo.

“Tecnicamente ainda precisamos da identificação papiloscópica, mas a família o reconheceu”, afirmou o chefe do Departamento geral de Polícia da Capital, o delegado Antenor Lopes.

Segundo o delegado, o papiloscopista foi agredido mesmo depois de ter sido baleado. Ele teria levado um chute de Lourival Ferreira de Lima, dono do ferro-velho que foi pivô da discussão.

O delegado Adriano França, titular da 18ª DP (Praça da Bandeira), disse ainda que uma testemunha afirmou que Renato levou um tiro de misericórdia, pelas costas. A polícia vai apurar a informação.

“Vai depender da perícia”, afirmou.

Um cabo, dois sargentos e o pai de um deles foram presos pelo crime. Eles vão passar audiência de custódia na terça feira (17).

Aos investigadores, os militares confessaram o crime e relataram ter jogado o corpo do papiloscopista no rio, na altura de Japeri, na Baixada Fluminense.

Para transportar o cadáver, os suspeitos usaram uma van da força militar.

“As investigações apontam que o perito vinha sendo vítima de diversos furtos na obra que fazia da sua casa própria. Usuários de drogas entraram no imóvel e levaram tudo que tinha. O policial foi registrando as ocorrências, nós temos conhecimento que isso o estava deixando atordoado”, disse o delegado Antenor Lopes.

O sargento da Marinha Bruno Santos de Lima é tratado nas investigações como o chefe da empreitada criminosa. Ele disse em depoimento que não sabia se Renato estava vivo quando foi deixado no Rio Guandu.

Após o crime, os participantes tentaram apagar os vestígios do homicídio, lavando três vezes o carro utilizado para levar Renato até o local da desova.

“Eles pararam em um lava-jato em Austin, Nova Iguaçu, e lavaram novamente a viatura quando chegaram ao primeiro distrito naval, para apagar os vestígios do crime”, disse Antenor.

A polícia afirma que o papiloscopista, que servia ao Instituto de Identificação Félix Pacheco, foi morto após uma discussão em um ferro-velho na Zona Norte do Rio.

Renato era esperado para um plantão no Félix Pacheco neste sábado (14), mas não apareceu e familiares comunicaram o desaparecimento.

Equipes da Delegacia de Homicídios, da 18ª DP (Praça da Bandeira) e do Félix Pacheco rastrearam o celular de Renato e descobriram, então, que o perito teve uma briga com Lourival Ferreira de Lima, dono do ferro-velho na Mangueira.

Como foi o crime

O papiloscopista fazia uma obra na Praça da Bandeira e, segundo as investigações, foi vítima de uma sequência de furtos, todos registrados em delegacia. Na sexta de manhã, Renato acabou achando materiais dele no ferro-velho de Lourival e chegou a obter dele uma promessa de ressarcimento pela receptação das peças levadas.

Ao retornar ao ferro-velho, à tarde, Renato foi vítima de uma emboscada armada por Lourival, que chamou o filho, Bruno Santos de Lima, sargento da Marinha, e dois colegas de farda: o cabo Daris Fidelis Motta e o terceiro-sargento Manoel Vitor Silva Soares.

Lourival e Bruno, pai e filho, donos de um ferro-velho na Mangueira — Foto: Reprodução

Lourival e Bruno, pai e filho, donos de um ferro-velho na Mangueira — Foto: Reprodução

Os quatro tentaram colocar Renato à força numa van da Marinha. O perito resistiu e entrou em luta corporal, mas acabou baleado por Bruno. Disparos lhe acertaram a perna e a barriga.

Não se sabe se Renato ainda estava vivo quando o grupo o pôs na van nem na hora em que os criminosos o jogaram de uma ponte do Arco Metropolitano sobre o Rio Guandu.

Lourival, Bruno, Daris e Manoel foram presos.

Perito colhe amostra de sangue em ponte do Arco Metropolitano sobre o Guandu — Foto: Reprodução
Perito colhe amostra de sangue em ponte do Arco Metropolitano sobre o Guandu — Foto: Reprodução

O que diz a Marinha

A Marinha do Brasil (MB) informou que tomou conhecimento, na noite de sábado (14/05), sobre uma ocorrência, com vítima, envolvendo militares da ativa do Comando do 1º Distrito Naval, objeto de inquérito policial no âmbito da Justiça comum. “Os militares envolvidos foram presos em flagrante pela polícia e responderão pelos seus atos perante a Justiça”, disse.

“A MB lamenta o ocorrido, se solidariza com os familiares da vítima e reitera seu firme repúdio a condutas e atos ilegais que atentem contra a vida, a honra e os princípios militares.”

“A MB reforça, ainda, que não tolera tal comportamento, que está colaborando com os órgãos responsáveis pela investigação e informa que abriu um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da ocorrência”, emendou.

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