Um motorista de aplicativo passou por uma tentativa de assalto na última terça-feira (17/6), reacendendo as preocupações da categoria sobre os perigos que enfrentam durante o trabalho.
Vicente Matheus, a vítima, relatou em vídeo nas redes sociais que estava a caminho da casa de um amigo quando aceitou uma corrida, começando na Esplanada dos Ministérios com destino a Águas Lindas (GO), na região do Entorno do Distrito Federal. O que parecia ser uma viagem comum quase teve um desfecho trágico.
Antes mesmo de se deslocar até o passageiro, Vicente recebeu uma mensagem inesperada: “Roubo de carro aqui, irmão. Queremos o seu não. A gente viu você, cara de gente boa, e desistiu de roubar você.”
Essa mensagem, provavelmente enviada pelos próprios criminosos, expõe uma dura realidade: motoristas de aplicativo estão constantemente em situação de risco, mesmo antes do passageiro entrar no veículo.
O perigo pode estar disfarçado
Outro motorista de aplicativo, que preferiu não se identificar, disse que “criminoso não tem cara”. Ele explica que não há como prever quem será o passageiro: “Você pode aceitar uma corrida e entrar alguém de terno e gravata e acabar assaltado”. O medo é recorrente entre os profissionais.
“Há regiões consideradas perigosas, mas a verdade é que o perigo pode surgir em qualquer local. Posso receber uma chamada em Águas Claras, Plano Piloto ou Lago Sul, e o passageiro pode ser um criminoso camuflado de cliente”, afirmou o trabalhador.
Dados revelam vulnerabilidade
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) divulgou dados que comprovam a exposição dos motoristas. Foram contabilizadas 15 categorias de crimes com motoristas de app como vítimas.
O principal deles são as ameaças, com 89 registros entre janeiro e 11 de maio de 2024, totalizando 220 casos no ano. Em seguida, aparecem os crimes de injúria, com 62 ocorrências, comparado a 153 no ano passado.
Os roubos de veículos figuram em quarto lugar, com 72 casos registrados até a data mencionada, contra 123 em 2023. Roubos com restrição de liberdade somaram 5 incidentes, enquanto no ano anterior foram 22.
Até o momento, não houve registro de latrocínio tentado em 2024, diferente do ano passado, quando houve um caso.
Casos recentes de violência
No dia 1º de maio, um casal foi surpreendido em flagrante ao roubar um carro de motorista que estava parado e sem corrida no Gama. O veículo foi levado após a rendição do condutor, e o caso está sob investigação da PCDF.
No dia 27 de maio, outro motorista foi feito refém durante uma corrida, ameaçado com uma faca, amarrado e abandonado no Altiplano Leste (DF). O carro foi localizado posteriormente no Lago Sul pelo Grupo Tático Operacional, e um dos assaltantes foi preso.