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quarta-feira, 12/11/2025




Perda de biodiversidade aumenta risco de doenças de animais

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As previsões sobre pandemias têm sido imprecisas, levando os cientistas a buscar novas maneiras de antecipar o surgimento de doenças capazes de se espalhar globalmente. Uma área pouco explorada, mas importante, é o papel da conservação e recuperação da biodiversidade na prevenção ou redução desses eventos.

Este tema foi destaque na palestra de Felicia Keesing, professora do Bard College, nos Estados Unidos, durante a Escola Interdisciplinar Fapesp, realizada em São Paulo.

Aproximadamente 75% das doenças que surgem em humanos são zoonóticas, ou seja, transmitidas entre humanos e outros animais vertebrados. A saúde pública tem focado nessa relação, porém as estratégias atuais ainda não impediram crises como a pandemia da Covid-19.

Keesing destaca que é necessário ampliar as abordagens além das indicadas pela Organização Mundial da Saúde, que incluem construir resiliência, garantir acesso equitativo a tratamentos e melhorar a prevenção e resposta a surtos. Ela propõe medidas adicionais que podem ser promissoras.

Uma sugestão prática é revisar previsões anteriores para identificar falhas e aprimorar os modelos para futuras estimativas mais confiáveis.

É também fundamental ampliar as pesquisas para além dos coronavírus, pois novas crises podem ser causadas por outros vírus ou até por bactérias resistentes, que, segundo Keesing, podem ser o próximo grande problema.

A pesquisadora enfatiza a importância de avaliar melhor os diferentes grupos de animais que hospedam microrganismos causadores de doenças, pois alguns podem ser superestimados, como morcegos, enquanto outros, como roedores, podem ter sua relevância subestimada.

Além disso, a transmissão de doenças ocorre não só de animais para humanos, mas também no sentido oposto. Algumas espécies são mais estudadas por terem infectado humanos, o que pode gerar um viés nos dados disponíveis para pesquisa.

Keesing observou que espécies menos ameaçadas de extinção tendem a ser mais propensas a transmitir doenças. Isso se deve a características biológicas como ampla distribuição, ciclo de vida curto, maturidade precoce e alta taxa de reprodução. Diferentemente, animais criticamente ameaçados, como o rinoceronte, não mostram essas características.

Estudos no Quênia indicam que a perda de grandes mamíferos está associada ao aumento de roedores e serpentes venenosas, reforçando a ideia de que proteger a biodiversidade pode ajudar a reduzir o risco de novas pandemias.

Portanto, a conservação e restauração do meio ambiente são essenciais para prevenir o surgimento de doenças zoonóticas. Juntamente com isso, é preciso avançar no desenvolvimento de antivirais, antibacterianos, vacinas eficazes e confiança da população, além de políticas públicas robustas e uma forte infraestrutura global de saúde.

Matemática e desenvolvimento

Marcelo Viana, diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), abordou a importância da formação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) para o crescimento econômico. Estudos internacionais mostram que empregos ligados à matemática contribuem significativamente para o Produto Interno Bruto (PIB).

No Brasil, um estudo recente indicou que ocupações relacionadas à matemática representam 4,6% do PIB e oferecem salários 119% superiores à média nacional. Aumentar essa participação para níveis observados em países como a França poderia adicionar trilhões de reais ao PIB.

O Impa Tech, inaugurado em 2024, oferece formação especializada baseada em desempenho em olimpíadas de matemática, sem vestibular convencional, com oportunidades em matemática, ciência da computação, ciência de dados e física.

Ciência em São Paulo

Na abertura do evento, Marco Antonio Zago, presidente da Fapesp, destacou o investimento consistente em pesquisa científica pelo estado de São Paulo, que tem garantido liderança nacional na produção científica. Ele ressaltou a importância da estabilidade financeira para projetos de longo prazo.

Oswaldo Baffa Filho, organizador do evento e professor da Universidade de São Paulo, afirmou que o encontro promove a integração entre diferentes áreas do conhecimento e reúne pesquisadores de todo o país e do exterior, formando uma comunidade diversa e engajada na busca pelo conhecimento.

A edição de 2025 da Escola Interdisciplinar Fapesp conta com a participação de 60 pós-doutores de diversas regiões brasileiras.




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