A Pedra Fundamental localizada em Planaltina (DF), marco inicial da construção da capital federal, foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil. A decisão foi anunciada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que inscreveu o monumento no Livro do Tombo Histórico.
Erguida em 7 de setembro de 1922, durante as celebrações do centenário da Independência do Brasil, a pedra representa o começo do movimento para transferir a capital do Rio de Janeiro para o interior do país, um ideal já previsto na Constituição de 1891.
A cerimônia de lançamento da pedra contou com a participação do então presidente da República, Epitácio Pessoa, e simbolizou o início de um projeto que seria concretizado somente em 1960 com a fundação oficial de Brasília. Para o Iphan, preservar a Pedra é conectar a história passada com o presente e o futuro.
Leandro Grass, presidente do Iphan, destacou a importância do reconhecimento: “Brasília foi criada para ser um exemplo para o Brasil. Este tombamento vai ajudar a fazer com que crianças e adolescentes compreendam a relevância da capital.”
O relator do processo, o professor e ex-governador Cristovam Buarque, ressaltou que o monumento deve ser visto não só como lembrança histórica, mas como símbolo do futuro, defendendo um desenvolvimento justo e sustentável para o país.
Conhecendo a história
O historiador Ramon Lamoso de Gusmão, pesquisador da construção de Brasília, explica que a mudança da capital está ligada a uma longa história que atravessa vários períodos do país, desde o período colonial e a Independência até a primeira Constituição republicana.
Ele também chama atenção para aspectos menos destacados da história oficial, como a memória dos trabalhadores que construíram Brasília em tempo recorde, muitos dos quais perderam suas vidas em acidentes de trabalho, e que infelizmente não têm monumentos dedicados a sua memória.
De acordo com Gusmão, “o tombamento da Pedra Fundamental é um marco da história oficial, mas pode também ocultar histórias importantes, como a dos trabalhadores e os desafios sociais enfrentados após a inauguração da cidade.”
Próximas ações
Com o reconhecimento oficial, o Iphan, o Governo do Distrito Federal e a comunidade local vão trabalhar juntos para criar um plano de conservação da Pedra Fundamental e da área ao seu redor, protegida em um raio de 1,5 km.
Esse plano inclui rotinas de manutenção, ações educativas e incentivos a projetos que envolvam a população com esse patrimônio.
Thiago Perpétuo, superintendente do Iphan-DF, destacou que o maior desafio será envolver a comunidade local, abrindo novas possibilidades de colaboração e cuidado conjunto com o monumento.