Marcelo Toledo
Presidente Prudente, SP (FolhaPress)
Após apoiarem Jair Bolsonaro (PL) durante todo o seu governo e mesmo após ele deixar o Palácio do Planalto, pecuaristas e membros de associações do setor afirmam que o ex-presidente, atualmente inelegível, deveria desistir da disputa eleitoral de 2026 e indicar um nome que dê chances para a direita vencer Lula (PT).
Durante discussões na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne (Feicorte), em Presidente Prudente (SP), a sucessão presidencial de 2026 foi tema importante. Bolsonaro esteve no primeiro dia do evento, acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O governador de São Paulo é indicado reservadamente por pecuaristas e integrantes do setor como o nome mais adequado para representar a direita na ausência da candidatura de Bolsonaro, que tem inelegibilidade até 2030.
Eles acreditam que, se o ex-presidente insistir na candidatura até o fim, impedirá surgimento de outra liderança do espectro político capaz de enfrentar Lula, que está em campanha constante.
Pecuaristas destacam que a trajetória do petista demonstra a importância de definir um candidato viável com antecedência. Citaram a eleição de 2018, quando Lula foi impedido de concorrer devido à Lei da Ficha Limpa e seu substituto, Fernando Haddad, foi anunciado previamente, o que ajudou sua competitividade contra Bolsonaro.
Hoje, dizem, isso não ocorre com a direita, que enfrenta uma fragmentação de nomes potencialmente candidatos para 2026.
Além de Bolsonaro, que é réu por acusações relacionadas a um golpe, cinco governadores são cogitados para concorrer: Tarcísio; Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ratinho Junior (PSD), do Paraná; e Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul.
Dois últimos são membros do partido dirigido por Gilberto Kassab, secretário de Governo e Relações Institucionais de Tarcísio. Kassab participou da Feicorte com Tarcísio e Bolsonaro, que recebeu dele uma medalha simbólica com três qualificativos.
Dos governadores mencionados, apenas Tarcísio está em primeiro mandato e pode tentar reeleição em São Paulo. Mesmo assim, pecuaristas acreditam que ele abandonaria a disputa estadual para atender a um possível convite de Bolsonaro para concorrer ao Planalto.
Apesar da variedade de nomes, a confiança maior está no governador paulista para ser o candidato forte, sendo possível que um dos outros se candidate a vice. A ex-primeira-dama Michele Bolsonaro também é apontada como opção para vice.
Kassab comentou durante Agrishow, em Ribeirão Preto, que não vê problema na existência de vários candidatos do mesmo campo ideológico, pois acredita que no segundo turno eles se unirão.
Enquanto persiste o que pecuaristas chamam de “dilema Bolsonaro”, a agenda oficial de Tarcísio em Presidente Prudente foi um ato de apoio ao ex-presidente, que reiterou sua intenção de participar da eleição no próximo ano.
“Eleição sem Jair Bolsonaro é negação da democracia”, afirmou o ex-presidente. Tarcísio destacou que a missão do ex-presidente ainda não terminou e que ele continuará contribuindo para o país.
A Feicorte contou com 16,5 mil participantes e sua organização afirmou que a presença de autoridades como Tarcísio, Bolsonaro e o secretário de Agricultura de São Paulo, Guilherme Piai, elevou o prestígio do evento no calendário do agronegócio.