Nesta segunda fase da Operação Navio Fantasma, a Polícia Civil cumpriu o mandado de apreensão de uma lancha que teria sido incendiada pelo grupo
Na tarde da última sexta-feira (16/4), a Polícia Civil deflagrou a segunda fase da Operação Navio Fantasma, que investiga um grupo criminosa que forjou acidentes automobilísticos para receber o valor do seguro. Nessa etapa, a Coordenação de Repressão a Crimes Patrimoniais (Corpatri), por meio da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) apreendeu uma lancha, de 29 pés, em um clube do Setor de Clubes Esportivos Sul (SCES).
Segundo as apurações, nos últimos dois anos, o grupo investigado forjou cinco acidentes automobilísticos. No total, foram destruídos dez veículos, dois em cada situação. Os casos forjados ocorreram no SCES e na rodovia DF-140, próximo ao Complexo da Papuda, sempre na madrugada. Em todo as colisões propositais houve choque proposital da coluna central, dano estrutural que conduz necessariamente à perda total do veículo. Entre os veículos destruídos estão três BMWs, uma Porsche e um Chrysler.
De acordo com a polícia, o grupo adquiria veículos importados de difícil comercialização, contratava seguros novos, com valor de indenização correspondente à Tabela Fipe, em seguida causava a colisão proposital dos veículos, que sofrem perda total. Depois, o condutor que contratou o seguro assume a culpa pelo acidente, para viabilizar o pagamento dos danos do outro veículo envolvido no acidente, cujo condutor também integra a associação criminosa. Por fim, ocorre o recebimento dos valores do seguro, baseados na Tabela Fipe, que são superiores aos valores de aquisição dos veículos.
Para dificultar a investigação, os registros dos acidentes eram feitos na Delegacia Eletrônica e os criminosos se revezavam na condição de condutor, segurado – contratante -, terceiro envolvido e recebedor da indenização. Com o mesmo objetivo, o grupo criminoso também criou cinco empresas de fachada, em nome das quais eram registrados os veículos.
Especializado na simulação de acidentes automobilísticos, o grupo inovou em 2019 e incendiou uma embarcação de cinquenta pés, obtendo vantagem indevida de R$ 750 mil. A embarcação foi incendiada em 11 de dezembro, por volta de 20h, às margens do Lago Corumbá, em Caldas Novas (GO).
Em 28 de setembro de 2020, a DRF/CORPATRI deflagrou a primeira etapa da operação e cumpriu 12 mandados de busca e apreensão na residência e empresas das pessoas que integravam a organização criminosa. As investigações continuaram e levaram os investigadores até a oficina de um clube localizado Setor de Clubes Esportivos Sul, onde estavam os motores e as rabetas da lancha incendiada.
Os motores e rabetas da lancha foram apreendidos e periciados. Também passou pela perícia o casco da lancha queimada, que foi localizado em Caldas Novas (GO).
A continuidade das investigações também apontou que outra lancha foi incendiada pelo grupo criminoso, na cidade de Abadiânia (GO), em 27 de fevereiro de 2019. Após o sinistro simulado, os criminosos receberam R$ 200 mil a título de indenização.
Segundo se apurou, o motor da segunda lancha incendiada foi retirado e colocado na lancha apreendida na manhã de hoje. A medida de busca e apreensão foi determinada pela Segunda Vara Criminal de Brasília e visa à realização de perícia na embarcação. Desde o início, a investigação conta com o apoio das empresas seguradoras e Marinha do Brasil.