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quinta-feira, 18/09/2025

Pastora sócia nega fechamento de clínica investigada por maus-tratos no DF

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Mesmo após denúncias graves de maus-tratos, cárcere privado, tortura e abuso sexual, a unidade Lago Oeste do Instituto Terapêutico Liberte-se continuava operando normalmente até a tarde de quarta-feira, 17 de setembro, quando a Justiça determinou a suspensão das atividades. Na terça-feira, 16 de setembro, a Polícia Civil do Distrito Federal prendeu três responsáveis pelo centro de reabilitação.

Após a ação policial, uma pastora, que é sócia da instituição e esposa de um dos responsáveis, ambos pastores, enviou um áudio para familiares dos internos negando que a clínica iria fechar. Segundo a mensagem, enviada aos parentes, a 35ª Delegacia de Polícia (Sobradinho II) está ouvindo as famílias, mas não encontrou elementos suficientes para interditar o instituto. “A princípio, a gente não vai fechar. Não tem documentação nenhuma para fechar”, afirmou ela. “Para Glória de Deus, o delegado não tem, a princípio, motivos para fechar nada”, reforçou.

Segundo relatos dos internos, a rotina no local era de extrema violência e trabalhos forçados. Quem não obedecesse as regras ficava sem contato com a família. Um dos acolhidos contou que, caso alguém não cumprisse as ordens, ficava sem ver a mãe por até seis meses.

O ambiente apresentava condições precárias, com banheiros sujos e fios elétricos expostos, gerando risco de incêndio. Os internos afirmaram que tudo fica trancado à noite, aumentando o medo de uma possível tragédia. A denúncia resultou em uma diligência que contou com a participação do deputado distrital Fábio Felix (PSOL), da deputada federal Érika Kokay (PT) e de entidades de direitos humanos.

A operação policial resultou na prisão de três sócios da clínica acusados de cárcere privado. Os internos também relataram abusos sexuais frequentes, tortura, maus-tratos e falta de assistência médica adequada. Cerca de cem pessoas estavam alojadas na unidade.

O instituto também apresentava irregularidades na administração dos medicamentos e na prestação dos serviços médicos, sendo que os pacientes precisavam pagar valores adicionais para consultas e tratamentos. As famílias pagavam mensalidades elevadas e ainda arcavam com custos extras para alimentação e deslocamento.

O Instituto Liberte-se ganhou notoriedade após o incêndio na unidade do Núcleo Rural Boqueirão, em Paranoá, em 31 de agosto, que matou cinco internos. Na ocasião, o local funcionava sem alvará, e o proprietário, Douglas Costa Ramos, confirmou que a única saída da clínica estava trancada, fato que agravou a tragédia.

Apesar das investigações e prisões, o Instituto Terapêutico Liberte-se ainda não se manifestou oficialmente sobre as acusações e apontamentos das autoridades.

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