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sábado, 23/11/2024
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Parlamento Europeu concede prêmio de liberdade de pensamento a opositor de Putin

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Alexei Navalny recebeu o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, 12 dias após o jornalista Dmitry Muratov ganhar o Nobel. Adversário do Kremlin cumpre pena de três anos e meio de prisão

Alexei Navalny – (crédito: AFP)

 

A visita dos advogados à Colônia Penal número 2, na região leste de Moscou, sempre às quintas-feiras, terá sabor especial para Alexei Navalny. Hoje, o opositor russo de 45 anos será informado sobre a decisão do Parlamento Europeu de lhe conceder o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, uma honraria que anualmente homenageia indivíduos ou organizações que defendem os direitos humanos e as liberdades fundamentais. É a segunda distinção, em 12 dias, a contemplar adversários do presidente russo, Vladimir Putin. Em 8 de outubro passado, o Comitê Nobel Norueguês escolheu o jornalista Dmitry Muratov — editor-chefe do diário Novaya Gazeta (Moscou) — como um dos laureados com o Nobel da Paz, ao lado da também jornalista filipina Maria Ressa.

“Ele (Navalny) tem feito uma companha sistemática contra o regime de Vladimir Putin. Por meio de seus perfis nas redes sociais e de suas campanhas políticas, Navalny ajudou a expor abusos e a mobilizar o apoio de milhões de pessoas em toda a Rússia. Por isso, ele foi envenenado e jogado na prisão”, declarou David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu. “Ao atribuir o Prêmio Sakharov a Alexei Navalny, reconhecemos a sua imensa bravura e reiteramos o suporte inabalável do Parlamento Europeu à sua imediata libertação”, acrescentou.

Por sua vez, a finlandesa Heidi Hautala, vice-presidente do Europarlamento, chamou Navalny de “defensor pela mudança”. “Ele mostrou grande coragem em suas tentativas de restaurar a liberdade de escolha do povo russo. Por muitos anos, lutou pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais em seu país. Isso lhe custou a liberdade e, por pouco, a vida. Em nome do Parlamento Europeu, apelo à sua libertação imediata e condicional”, afirmou. Hautala exigiu que as autoridades russas cessem “todo tipo de assédio, intimidação e ataques contra a oposição, a sociedade civil e mídia”. Até o fechamento desta edição, o Kremlin não tinha se pronunciado sobre o Prêmio Sakharov deste ano.

Navalny receberá a quantia de 50 mil euros (ou R$ 325 mil) durante sessão especial no hemiciclo do Parlamento Europeu, em 15 de novembro, na cidade de Estrasburgo (França). Não se sabe se Navalany, condenado a três anos e meio de prisão, terá a permissão de Moscou para participar da cerimônia. Em nota publicada no Twitter, a Fundação Anticorrupção (FBK, pela sigla em russo), movimento fundado por Navalny em 2011, afirmou que o Prêmio Sakharov é uma distinção dedicada a “todas as pessoas que não são indiferentes e que, mesmo nos momentos mais obscuros, não temem falar a verdade”. “Todos os dias somos mais e mais de nós. Juntos, venceremos”, escreveu.

Em entrevista ao Correio, o Nobel da Paz Dmitry Muratov (leia Duas perguntas para) saudou a concessão do Prêmio Sakharov para Navalny e disse esperar que o opositor seja libertado em breve. Chefe do Programa de Política Doméstica Russa do Carnegie Endowment for International Peace, sediado em Moscou, Lilia Shevtsova admitiu à reportagem que Navalny merece o prêmio “por sua missão na busca da liberdade e por sua prontidão ao sacrifício”. “A mensagem é mostrar ao mundo que a comunidade internacional aprecia sua agenda”, explicou.

Shevtsova acredita que o fato de dois russos terem sido contemplados com dois prêmios de grande prestígio este ano pode não ter sido intencional. “Mas a comunidade russa considera as duas láureas como uma prova de que parte do mundo centra as atenções sobre o que ocorre na Rússia”, comentou. Para a especialista, o Prêmio Sakharov confirma que a comunidade internacional apoia a agenda da liberdade na Rússia. “O futuro do meu país dependerá dos acontecimentos na Rússia e da prontidão da sociedade russa em lutar pela liberdade. No momento, porém, o sistema de Putin é bastante estável”, afirmou.

Além de Navalny, disputavam a edição deste ano do Prêmio Sakharov a ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez e a Comissão Afegã Independente de Direitos Humanos — um grupo de mulheres liderado por Shaharzad Akbar.

» Duas perguntas para

Dmitry Muratov, editor-chefe do diário russo Novaya Gazeta (Moscou), laureado com o Prêmio Nobel da Paz, em 8 de outubro

Qual é a mensagem do Prêmio Sakharov para Alexei Navalny?

O Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento não é outorgado para homenagear um conjunto de méritos, mas pelo valor e pelos princípios de uma personalidade. Entre os premiados no passado, estão Nelson Mandela (ex-presidente da África do Sul e líder contra o apartheid), em 1988, e Sergei Adamovich Kovalyov (ativista dos direitos humanos), em 2009. Pessoas como Mandela, Kovalyov e Navalny vão para a prisão por suas convicções, sem serem poupadas.

Como vê os prêmios Nobel e Sakharov para o senhor e para Navalny no mesmo ano?

No caso de Navalny, vejo o reconhecimento, por parte do mundo, do valor da atividade política alternativa e da oposição como normal do mundo contemporâneo. Em relação a mim, acho que é uma pergunta a ser feita para o Comitê Nobel. Desejo a Alexei Anatolyevich Navalny um rápido retorno para a sua família e seus amigos. (RC)

» Moscou recebe delegação talibã

A Rússia pediu, ontem, para trabalhar com o novo governo talibã no Afeganistão, com o objetivo de garantir a “estabilidade” da região. O Kremlin teme a atividade de grupos jihadistas e o risco de uma grave crise humanitária. A preocupação foi partilhada pela China e pelo Irã. Uma delegação do Talibã está em Moscou para as primeiras negociações internacionais desde que o grupo assumiu o poder, em 15 de agosto passado. Em declaração conjunta, os países participantes expressaram sua vontade de cooperar com o regime talibã em questões de segurança para “contribuir para a estabilidade regional”, dada a ameaça de “organizações terroristas” que pesa sobre o novo regime em Cabul.

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