O Parlamento do Reino Unido confirmou a aprovação, com 314 votos a favor e 291 contra, nesta sexta-feira (20/6), de um projeto que propõe a legalização da morte assistida.
Em seguida, a proposta será encaminhada à Câmara dos Lordes para avaliação, onde há possibilidade de inclusão de emendas. Como os lordes não são eleitos, eles tendem a ser cautelosos para não vetar uma lei que já passou pela Câmara dos Comuns, que é formada por membros eleitos.
Conhecida como Lei para Adultos com Doenças Terminais (Fim da Vida), se aprovada, ela permitiria que adultos com capacidade mental e diagnosticados com uma doença terminal na Inglaterra e no País de Gales possam optar por interromper suas vidas com auxílio médico. A condição básica é que a expectativa de vida seja de seis meses ou menos.
Esta decisão alinha o Reino Unido a países como Austrália, Canadá e alguns estados americanos, que já autorizam a morte assistida.
A votação de hoje foi precedida por intensos debates e relatos pessoais no plenário, repetindo o resultado de uma votação anterior realizada em novembro, que aprovou a ideia básica da lei. A vantagem de votos a favor foi menor agora, 314 contra 291, comparada a 330 a 275 da votação anterior.
Dez anos se passaram desde que o Parlamento rejeitou pela última vez legislação semelhante sobre o tema.
Opinião pública no Reino Unido
Pesquisas indicam que a maioria dos britânicos apoia a legalização da morte assistida. Os defensores argumentam que a lei traria dignidade e compaixão às pessoas em sofrimento, enquanto os opositores temem que indivíduos vulneráveis possam ser pressionados a acabar com suas vidas.
Cem manifestantes favoráveis e contrários à proposta se reuniram em frente ao Parlamento para acompanhar a votação remotamente. Os apoiadores entoavam frases como “minha decisão, minha escolha” e exibiam cartazes com mensagens como “minha vida, minha morte” junto com fotos de familiares que sofreram com dores no final da vida. Já os manifestantes contrários carregavam cartazes com dizeres como “cuidar, não matar” e “bloquear o projeto, proteger os doentes”.
O governo trabalhista liderado pelo primeiro-ministro Keir Starmer não tomou uma posição oficial sobre a legislação, permitindo que os parlamentares votassem conforme sua própria consciência. Contudo, Starmer já manifestou publicamente seu apoio à morte assistida.
A deputada trabalhista e autora da proposta, Kim Leadbeater, afirmou que o projeto contém algumas das medidas de proteção mais rigorosas do mundo para prevenir a pressão sobre pessoas vulneráveis.