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domingo, 17/08/2025

Para Ucrânia, reunião no Alasca decepciona

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Na madrugada de sábado (16/08), muitos ucranianos ficaram acordados aguardando com ansiedade as notícias da cúpula no Alasca entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder russo, Vladimir Putin.

Alguns tinham esperança de que as negociações poderiam levar ao fim da guerra da Rússia contra a Ucrânia. No entanto, havia receio que isso exigisse concessões territoriais que Kiev poderia ser forçada a aceitar. Essa preocupação se confirmou quando Trump declarou que um acordo de paz seria possível se a Ucrânia cedesse toda a região de Donbass para a Rússia.

Este tema deve ser discutido na reunião entre Trump e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, marcada para segunda-feira (18/8) em Washington.

Nenhum avanço concreto

Oleksandr Kraiev, do think tank ucraniano Prism, afirmou que não houve resultados concretos para a Ucrânia. Ele ressaltou que a cúpula foi uma estratégia de informação bem-sucedida para a Rússia, com Putin conseguindo apresentar-se como um parceiro importante para Trump, sem que decisões significativas fossem tomadas.

Na avaliação de Ivan Us, do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos da Ucrânia, o objetivo real do presidente russo nunca foi terminar o conflito, e sim fortalecer sua imagem internacionalmente, mostrando que o isolamento da Rússia havia acabado.

Implicações e tensões futuras

Dmitry Medvedev, presidente do Conselho de Segurança da Rússia, declarou que a reunião prova que negociações podem ocorrer mesmo com a continuação da operação militar russa na Ucrânia. Entretanto, isso gerou mais dúvidas e confusão, com diferentes versões entre EUA e Rússia sobre a possibilidade de um diálogo trilateral envolvendo o presidente ucraniano.

Volodimir Zelensky confirmou ter recebido convite para uma reunião com EUA e Rússia e considera o formato adequado para discutir questões importantes.

Pressões sobre a Ucrânia e reações

Na Ucrânia, há receio de que a visita de Zelensky a Washington possa resultar em maiores pressões americanas para aceitar concessões territoriais. A deputada Iryna Herashchenko advertiu que as propostas permitem a Moscou justificar suas exigências e que os objetivos da Rússia permanecerão inalterados enquanto a independência da Ucrânia for questionada.

O cientista político Vadym Denisenko acredita que a proposta russa de negociar territórios ucranianos em troca de acordos com os EUA não teve sucesso, embora tenha ganho tempo ao iniciar negociações. Ele prevê que, caso não haja avanços em dois meses, a questão será parte das negociações sino-americanas para 2026.

Indignação ucraniana com o protocolo

Uma das maiores indignações entre a população ucraniana foi o tapete vermelho estendido para Putin na base militar americana em Anchorage. Muitos consideram que essa demonstração de respeito foi uma afronta pelos crimes atribuídos ao líder russo nas zonas de conflito ucranianas.

Mustafa Nayyem, ex-membro do parlamento ucraniano, manifestou que a história recordará não só os culpados pelos crimes, mas também aqueles que os homenageiam, classificando o evento como uma forma de cumplicidade que muitas vezes é confundida com diplomacia.

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