A perda do poder de compra nos últimos 28 anos foi de mais de 85%, e nota de R$ 100 equivale hoje a menos de R$ 14 na década de 90
Inflação. Esse termo, apesar de ser um típico “economês”, faz parte da realidade dos brasileiros há muitas décadas. Definida como o aumento geral de preços de bens e serviços em uma economia, a inflação é sentida na prática pela população porque corrói o poder de compra. E não é pouco.
Para se ter uma ideia, uma nota de R$ 100 reais hoje compra o mesmo que R$ 13,91 compravam em julho de 1994. A inflação acumulada nesses 28 anos (de julho de 1994 a julho de 2022) foi de 653%.
Na prática, isso significa que para comprar o mesmo que se comprava com R$ 100 na década de 90, hoje são necessários R$ 748. Esses dados foram calculados pelo economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi, e mostram claramente a perda do poder de compra da população brasileira.
A alta dos preços tem afetado significativamente a renda dos trabalhadores. Itens básicos de alimentação e transporte têm tido aumentos expressivos como o gás de cozinha, que já é vendido a R$ 130 em alguns estados, o litro do leite, que ultrapassa os R$ 7 reais, e o da gasolina, que apesar de ter apresentado uma queda recente, já atingiu os R$ 9 em alguns lugares do país 2022.
Segundo dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), em São Paulo a cesta básica custava R$ 777 em junho.
“Tivemos poucos momentos com uma inflação acima de 10%, alguns picos, mas nada que tenha saído do controle. A queda do poder de compra é normal em qualquer país, por isso as pessoas precisam buscar investimentos e maneiras de tentar se proteger dessa perda”, explica o estrategista chefe da Levante Investimentos, Rafel Bevilacqua.
Ele explica ainda que diversos pontos da economia brasileira são indexados na inflação como contratos de aluguel e o próprio salário das pessoas. E que seria ideal desindexar com foco na queda da inflação, mas também ressalta que esse cenário é muito improvável de ser posto em prática hoje.
Vale-refeição dura só 13 dias
Com a alta da inflação, o vale-refeição, oferecido pelas empresas aos colaboradores, também perdeu poder de compra. O benefício que deveria durar cerca de 22 dias úteis de refeições, está acabando após 13 dias do mês.
O custo médio da refeição fora de casa já chega a R$ 40,64 no País, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT).
Como buscar renda extra
Não à toa, 60% dos trabalhadores formais brasileiros buscam trabalhos informais – os famosos bicos ou freelas – para complementar a renda e conseguir pagar as contas, segundo dados da BARE International. Nessa busca por aumentar a renda mensal, a internet entrou como aliada, permitindo acesso a diversas formas diferentes de conseguir uma renda extra.
As opções vão desde montar uma loja virtual ou nas redes sociais até revender produtos importados e responder pesquisas online. Mas o leque de alternativas é variado e também engloba trabalhos não virtuais para ajudar no orçamento. Há opções como produção de comidas e doces, serviços à domicílio de estética e beleza, e produção de conteúdo (livros, cursos e aulas).