O 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (BPM), chamado popularmente de Papudinha, tem sido recentemente um foco de atenção nacional. Isso porque há a possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro cumprir sua pena de 27 anos e 3 meses de prisão nas instalações desse quartel.
Diferente das outras áreas do complexo Penitenciário da Papuda, a Papudinha é uma seção especial para detenção de militares, agentes públicos e outras autoridades, proporcionando uma custódia separada do sistema prisional comum para garantir a integridade dessas pessoas.
Vários políticos e policiais militares já passaram pela Papudinha, tanto por curtos períodos quanto por meses. O detento mais notório até o momento foi o ex-ministro da Justiça no governo Bolsonaro, Anderson Torres. Ele foi preso preventivamente por envolvimento nas investigações dos atos de 8 de janeiro de 2023 e esteve sob forte atenção da mídia nacional durante o tempo que ficou detido nessa unidade. Torres, que também é delegado da Polícia Federal, permaneceu cerca de quatro meses sob custódia e foi condenado a 24 anos de prisão na mesma ação que condenou Bolsonaro. Atualmente, ele está em liberdade provisória com monitoração eletrônica e restrições de circulação no Distrito Federal.
Outro político conhecido que passou pela Papudinha foi o ex-governador Benedito Domingos. Com 91 anos de idade, ele foi condenado em casos relacionados à corrupção e fraudes. Sua prisão reacendeu debates sobre privilégios e o uso da estrutura diferenciada da Papudinha para autoridades. Beneficiado por um indulto em 2019, Benedito chegou a cumprir prisão domiciliar após começar o cumprimento de pena em regime semiaberto.
O ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, também esteve na Papudinha em meio a investigações da Operação Falso Negativo, que apurou irregularidades em compras públicas durante a pandemia da Covid-19. Ele foi preso preventivamente em 2020 e depois absolvido das acusações em 2023.
Policiais Militares Presos
No contexto das investigações sobre os ataques golpistas ocorridos em 8 de janeiro de 2023, a Justiça Federal ordenou a prisão preventiva de oficiais de alta patente da Polícia Militar do Distrito Federal. Esses oficiais foram recolhidos à Papudinha sob suspeita de omissão intencional e participação em um plano que facilitou a invasão e vandalismo das sedes dos três Poderes.
A operação, chamada Incúria, cumpriu mandados do Supremo Tribunal Federal (STF). A acusação central da Procuradoria-Geral da República (PGR) é que esses militares negligenciaram seus deveres ao não garantir a segurança pública, desconsiderando alertas e minimizando ameaças de manifestantes.
- Coronel Jorge Eduardo Naime Barreto – investigado por suposta omissão nos eventos de 8 de janeiro, esteve sob custódia no 19º BPM.
- Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues – também investigado por condutas relacionadas aos acontecimentos, foi mantido na Papudinha sob decisão judicial.
- Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra – com prisão decretada, foi encaminhado para a Papudinha antes de novas decisões judiciais.
Além desses oficiais de alta patente, outros policiais militares, entre soldados, sargentos e oficiais intermediários, foram detidos no local por envolvimento em crimes como tortura em treinamento, abuso de autoridade e violência disciplinar. Esses casos também são investigados pela corregedoria da PMDF.
Atualmente, os réus de maior repercussão estão em liberdade provisória, utilizando tornozeleiras eletrônicas como medida cautelar imposta pela Justiça.
