O Papa Leão XIV recebeu o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Castel Gandolfo, na manhã desta terça-feira (9/12), onde fizeram apelos para que as negociações de paz continuem e expressaram desaprovação à estratégia estadunidense para encerrar o conflito. A reunião ocorreu na residência do pontífice, localizada a cerca de 30 km de Roma, e teve duração aproximada de uma hora, segundo informações do Vaticano.
Em comunicado oficial, a Santa Sé destacou que o Papa reforçou a importância da continuidade do diálogo e expressou o desejo urgente de que as atuais iniciativas diplomáticas resultem em uma paz justa e duradoura.
Durante o encontro, o Papa Leão XIV também abordou temas humanitários sensíveis relacionados à guerra, como a situação dos prisioneiros de guerra e o retorno das crianças ucranianas que foram deportadas para a Rússia, um assunto em que o Vaticano atua como mediador.
Ao término da audiência, o Papa desejou um feliz Natal a Zelensky, que respondeu com um sorriso, manifestando esperança de que isso aconteça.
O ambiente amistoso entre os dois líderes demonstrou a proximidade entre Kiev e o Vaticano, que já havia sido evidenciada em julho deste ano, quando se reuniram na mesma localidade durante a Conferência para a Reconstrução da Ucrânia, ocasião em que discutiram ajuda humanitária e a importância de avançar nas negociações de paz.
Cenário diplomático delicado e mensagens indiretas
As conversas desta terça-feira aconteceram em um contexto diplomático delicado. Zelensky tem mantido reuniões com líderes europeus para tentar fortalecer sua posição frente a um plano de paz apoiado pelos Estados Unidos, considerado por alguns aliados da Ucrânia demasiado favorável à Rússia.
Antes do encontro com o Papa, o pontífice dirigiu uma mensagem indireta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em declarações a jornalistas, expressou preocupação com o plano de paz de Washington, alertando que a proposta poderia enfraquecer a aliança entre a Europa e os Estados Unidos.
O Papa Leão XIV afirmou que a nova estratégia de segurança nacional dos EUA representa uma alteração significativa na relação transatlântica e sugere uma tentativa de desmantelar uma cooperação que deveria continuar forte.
O documento também criticou governos europeus por manterem expectativas pouco realistas em relação ao conflito, atribuindo-lhes certa responsabilidade pelos obstáculos nas negociações.
Após o encontro com o Papa, Zelensky seguiu para Roma, onde teria uma reunião com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni. O presidente ucraniano busca afirmar apoio europeu a uma solução diplomática que não envolva concessões territoriais à Rússia.