O Exército de Israel anunciou que começará a distribuir tendas a partir deste domingo (17/8) para deslocar a população civil das zonas de combate na Faixa de Gaza para o sul do território. O comunicado foi feito pelo porta-voz em árabe das forças militares, Avichay Adraee.
Este plano de realocação foi aprovado pelo governo de Israel no início deste mês. A decisão sucede a declaração de Israel a respeito da intenção de lançar uma nova ofensiva para controlar a Cidade de Gaza, principal centro urbano do território.
O primeiro-ministro israelense, Benyamin Netanyahu, afirmou no último domingo (10/8) que antes da ofensiva, a população civil seria transferida para locais seguros dentro da cidade. Ele descreveu o centro urbano como o "último bastião do Hamas".
Não há detalhes específicos sobre como o processo de remoção será conduzido, e organizações internacionais alertam que deslocamentos forçados podem ser considerados crimes de limpeza étnica conforme o Direito Humanitário Internacional. Contudo, em certos casos, transferências por razões militares ou de segurança, com restrições, são autorizadas.
As tendas e equipamentos para abrigo serão levados pela passagem de Kerem Shalom, ao sul de Gaza, sob responsabilidade das Nações Unidas e outras entidades humanitárias, após inspeção das forças de Israel, segundo o Exército.
A ONU emitiu um alerta na quinta-feira (14/8), destacando que milhares de famílias que já vivem em condições humanitárias gravíssimas podem ser levadas ao limite caso o plano militar de Tel Aviv para a Cidade de Gaza avance.
Contexto Atual na Faixa de Gaza
O conflito na Faixa de Gaza já dura mais de 600 dias, com mais de 50 mil palestinos mortos e uma devastação ampla. Os números ainda crescem à medida que as hostilidades continuam intensas.
As negociações em Doha estão avançando para um novo acordo que prevê um cessar-fogo de 60 dias, a libertação de reféns (vivos e mortos), a devolução de prisioneiros palestinos e um aumento significativo da ajuda humanitária.
No entanto, o retorno dos ataques violentos demonstra que os confrontos permanecem ativos. Testemunhas relatam que a assistência humanitária ainda enfrenta dificuldades para entrar na região.
As primeiras concessões nas negociações incluem pequenas retiradas de tropas e prazos curtos, mas não garantem uma solução permanente, especialmente se houver falhas na segunda etapa do acordo.