Autoridades palestinas realizaram nesta segunda-feira (22/9) uma cerimônia para transformar o escritório de representação em Londres na Embaixada da Palestina na capital britânica. A inauguração ocorreu um dia após o Reino Unido, a Austrália e o Canadá anunciarem o reconhecimento oficial do Estado da Palestina.
Na cerimônia, o representante da missão palestina no Reino Unido, Husam Zomlot, hasteou a bandeira palestina no edifício. Membros do governo britânico também participaram do evento.
“Trata-se de pôr fim à negação do direito inalienável do povo palestino à liberdade e à autodeterminação. E é o reconhecimento de uma injustiça histórica. Senhoras e senhores, a Palestina existe. Sempre existiu e sempre existirá”, afirmou Zomlot.
Mudança histórica
O Reino Unido juntou-se ao grupo de mais de 140 nações que já haviam reconhecido oficialmente a Palestina como Estado.
“Hoje, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina para reviver a esperança de paz entre palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados”, declarou Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, em uma mensagem na rede social X.
Reino Unido e Canadá são os primeiros países do G7, grupo das principais economias do mundo, a reconhecerem o Estado da Palestina.
A lista dos países que reconhecem cresceu após o início da guerra em Gaza, em 2022, incluindo Espanha, Noruega, Eslovênia e Brasil.
No domingo anterior, Portugal anunciou que oficializará o reconhecimento do Estado Palestino.
Reconhecimento e contexto
Em 29 de julho, Keir Starmer já havia antecipado que o reconhecimento do Estado palestino ocorreria em setembro, durante a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O primeiro-ministro condicionou a decisão a ações de Israel visando um cessar-fogo em Gaza e negociações de paz para viabilizar a solução de dois Estados.
Diante do agravamento da crise humanitária e da falta de avanços diplomáticos, ele decidiu avançar. Outros países europeus e latino-americanos também oficializaram esse reconhecimento, aumentando a pressão internacional sobre Israel.
O Canadá também reconheceu o Estado da Palestina, anunciou o primeiro-ministro Mark Carney. “O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece sua colaboração para construir a promessa de um futuro pacífico, tanto para a Palestina quanto para Israel”, afirmou Carney em um comunicado nas redes sociais.
Líderes conservadores britânicos questionaram o impacto prático da medida. Israel criticou os anúncios de reconhecimento, alegando que as ações recompensariam o terrorismo e o Hamas. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, compartilhou desse ponto de vista.
Os reconhecimentos têm sido vistos como um posicionamento político contra a expansão dos assentamentos e a presença militar israelense nos territórios. França e Arábia Saudita lideram esforços diplomáticos para que mais países apoiem a Palestina.
Estado soberano
A Austrália também reconheceu oficialmente o Estado independente e soberano da Palestina, comunicou o primeiro-ministro Anthony Albanese. Ele ressaltou que essa decisão reconhece as legítimas e antigas aspirações do povo palestino por um Estado próprio.
O reconhecimento marca o compromisso duradouro da Austrália com uma solução de dois Estados, considerada o único caminho para garantir uma paz e segurança estáveis para israelenses e palestinos.