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terça-feira, 21/10/2025

países pobres precisam de r$ 2,2 tri para se ajustar às mudanças do clima

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JOÃO GABRIEL
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Quinze países, dentre 44 classificados como os menos desenvolvidos economicamente (LDCs), necessitam de cerca de US$ 406,4 bilhões, o equivalente a R$ 2,2 trilhões, para investir em medidas que ajudem a enfrentar as mudanças climáticas.

Esse valor foi estimado com base no último relatório da UNFCCC, órgão da ONU focado em questões climáticas, divulgado recentemente.

O relatório usa como base os Planos Nacionais de Adaptação (NAPs), que cada país apresenta para mostrar suas estratégias de adaptação, mesmo que não tenham o mesmo período de vigência, refletindo as necessidades expressas de cada nação.

Os dados são coletados e analisados por esse órgão internacional, sendo o relatório uma referência que servirá de base para as discussões na COP30, a conferência da ONU sobre clima que ocorrerá em novembro em Belém (PA). Lá, um dos objetivos será estabelecer indicadores globais para acompanhar o progresso em adaptação.

O tema da adaptação ganhou destaque este ano por causa do aumento dos eventos extremos ligados ao clima, como incêndios florestais e inundações em cidades, que afetaram países como Brasil, Estados Unidos e Espanha.

Adaptar-se significa, por exemplo, construir e planejar cidades de forma que elas fiquem mais preparadas para resistir a esses desastres naturais.

É um investimento de caráter preventivo, e mesmo entre as várias áreas de combate às mudanças climáticas, é a que apresenta a maior falta de recursos, estimada em US$ 359 bilhões, ou R$ 2,03 trilhões, segundo a ONU.

Por isso, o relatório ressalta que não basta apenas ter planos, é essencial aumentar o financiamento para a adaptação.

Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, destaca: “Antes, tínhamos dois desafios: direção e velocidade. Agora, a direção está correta, mas falta velocidade. Precisamos acelerar o ritmo, especialmente com a COP30 se aproximando, onde é fundamental que as nações façam sua parte”.

Até 30 de setembro deste ano, 80 países entre quase 200 apresentaram seus NAPs, incluindo 67 países em desenvolvimento, sendo 23 dos LDCs e 14 das nações insulares (SIDs).

Entre os países ricos, nações como Áustria, Canadá, Finlândia, França, Alemanha, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos entregaram seus relatórios dentro do prazo.

Os documentos têm formatos variados e algumas nações enfrentaram dificuldades técnicas, segundo a análise da ONU.

No geral, o relatório mostra claramente as necessidades de cada país no momento da elaboração dos seus planos.

Por exemplo, Bangladesh estima que precisa de US$ 230 bilhões (R$ 1,2 trilhão) para implementar seu plano entre 2023 e 2050, enquanto o Congo precisa de US$ 9,1 bilhões (R$ 49 bilhões) para o período de 2020 a 2024. A Etiópia calcula necessário US$ 90 bilhões (R$ 483 bilhões) para o intervalo de 2016 a 2030.

O documento enfatiza a urgência de mobilizar esses recursos.

Até o final de setembro, o Fundo Verde para o Clima aprovou quase US$ 7 bilhões para 116 projetos focados em adaptação.

O número de países que apresentaram relatórios tem crescido, saindo de 20 em 2020 para 67 em 2025.

Simon Stiell afirma que investidores e instituições financeiras agora têm clareza sobre onde e como investir em adaptação, pois os planos mostram país por país as prioridades, necessidades e oportunidades.

O setor da agricultura e dos sistemas alimentares é a prioridade mais citada, apontada por 67 países, seguido por ecossistemas, biodiversidade, água e saneamento.

Os acontecimentos climáticos extremos mais mencionados são as secas, citadas por 63 países, seguidas de enchentes, aumento da temperatura, elevação do nível do mar e mudanças nos padrões de chuva.

Simon Stiell conclui: “O desafio é combinar essas prioridades, necessidades e oportunidades com financiamento de maior volume e qualidade, que seja previsível, duradouro e justo para fortalecer os países”.

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