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sexta-feira, 07/11/2025




Pais que causam doenças nos filhos abordados por profissionais de saúde

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Em alguns lares, o perigo não vem de fora, mas de quem deveria cuidar. Pais que provocam ou fingem doenças em seus próprios filhos foram discutidos em um encontro sobre Síndrome de Munchausen por Procuração, também chamada de Transtorno Factício Imposto ao Outro (TFIO), realizado no Hospital Regional de Santa Maria.

O evento reuniu profissionais da saúde para falar sobre como identificar, avaliar e agir nesses casos de abuso, que muitas vezes são difíceis de perceber e podem levar meses para serem notados.

O TFIO acontece quando o cuidador provoca ou finge sintomas físicos ou mentais na criança, buscando atenção ou reconhecimento, sem ganhar dinheiro com isso. Quem sofre de verdade é a criança que é usada nessa situação.

“Esse problema não atinge só a criança, mas toda a família. É uma manipulação constante que engana os profissionais de saúde e faz a criança sofrer por muito tempo. Em média, o diagnóstico demora até 15 meses”, explica Gabriela Vieira, assistente social e palestrante do evento.

O termo Síndrome de Munchausen foi criado em 1951 para descrever pessoas que fingem estar doentes. Em 1977, o pediatra britânico Richard Meadow descreveu a versão em que o sofrimento é causado em outra pessoa, geralmente uma criança.

Principais sinais de alerta

Alguns sinais de alerta incluem sintomas que desaparecem quando a criança não está com o cuidador e voltam quando eles se encontram de novo, várias consultas e internações sem respostas claras, insistência em tratamentos que não são necessários, e comportamento estranho do cuidador, como manter a calma em situações difíceis.

Também é comum o cuidador estar sempre no hospital, demonstrar conhecimento sobre doenças e pedir ajuda ou doações usando a doença da criança como desculpa. “Frequentemente a criança passa por vários exames e tratamentos sem precisar, porque o cuidador força a continuar as investigações”, acrescenta Gabriela.

Perfil do cuidador

Segundo a especialista, quem tem TFIO geralmente sabe sobre saúde, tem cerca de 29 a 30 anos, é prestativo e quer muita atenção e reconhecimento. Muitas vezes tem histórico de violência doméstica, depressão ou outro transtorno mental. “Essas pessoas parecem gentis e cuidadosas, mas controlam a situação. O engano é consciente e vem de um sofrimento psicológico profundo”, diz ela.

Perfil da vítima

As vítimas são principalmente crianças pequenas, com menos de seis anos, que não conseguem explicar seus sentimentos ou identificar o que está acontecendo. Meninos e meninas são igualmente afetados. “As crianças acabam acreditando na doença inventada e participam, sem entender, desse ciclo de manipulação. Por isso, a atenção dos profissionais é fundamental para protegê-las”, reforça Gabriela Vieira.

O tema chamou a atenção dos participantes. A assistente social do HRSM, Rafisa Santana, destacou a importância da discussão. “Eu já tinha ouvido falar, mas nunca tinha entendido tão bem. É um desafio, e em qualquer momento podemos encontrar um caso assim. Foi muito esclarecedor, apesar do pouco conteúdo disponível no Brasil”, afirmou.

Com informações do IgesDF




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