Os pais do jovem de 16 anos que atacou Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos, e feriu outras três pessoas em uma escola da cidade de Estação, no Rio Grande do Sul, ficaram profundamente abalados, conforme relatou o coronel Carlos Aguiar, comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo da Região Norte (CRPO Norte), que auxiliou no atendimento da ocorrência.
“Eles também sofreram muito. Estavam sem reação e tentando ajudar no que fosse possível”, disse o oficial ao Metrópoles. O incidente ocorreu na manhã de terça-feira, 8 de julho, envolvendo estudantes do 3º ano do ensino fundamental.
Segundo o coronel, a família parece ser estruturada, sem histórico de violência ou conflitos. “Uma família comum”, afirmou. A razão para o ataque na Escola Maria Nascimento Giacomazzi ainda está sendo investigada.
Sem mencionar diretamente o caso, o coronel ressaltou a necessidade de repensar a relação dos jovens com a tecnologia. “Observamos que, muitas vezes, o quarto dos adolescentes é como um território privado. Não se pode entrar e muitas vezes não se sabe o conteúdo dos celulares. Isso faz refletir sobre a origem dessas motivações para ataques. Está difícil de entender”, comentou.
Detalhes do ataque
Um adolescente de 16 anos invadiu a Escola Maria Nascimento Giacomazzi, que tem aproximadamente 150 alunos, e atacou pelo menos três crianças e uma professora com facadas. Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos, sofreu uma facada no tórax e faleceu.
De acordo com o prefeito Geverson Zimmermann, o jovem entrou pela porta da frente da escola, fingindo entregar um currículo. Ele usou fogos de artifício para assustar os estudantes e professores, facilitando o ataque.
O ataque aconteceu contra alunos do 3º ano do ensino fundamental, com idades entre 7 e 8 anos. A população imobilizou o jovem, que foi detido pela polícia.
Na mesma terça-feira, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul determinou a internação provisória do adolescente por 45 dias, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ele já estava passando por acompanhamento psicológico antes do ocorrido.
Uma das alunas feridas passou por cirurgia neurológica após sofrer trauma craniano. Essa criança de 8 anos está estável, porém requer cuidados, segundo o Hospital Santa Terezinha, onde está internada. Outra criança já recebeu alta hospitalar, e a professora ferida está sob observação médica.
As aulas nas escolas municipais de Estação foram suspensas por tempo indeterminado e a prefeitura decretou luto oficial de três dias em homenagem à vítima.
O sepultamento de Vitor André Kungel Gambirazi está marcado para a tarde do dia 9 de julho.
Segurança e apoio à comunidade
O coronel Carlos Aguiar explicou que a Brigada Militar implantou um plano para intensificar a presença policial nas escolas. “Estamos aumentando nossa atuação nas instituições, dedicando mais tempo para estar próximos de professores, alunos e gestores”, comentou. O objetivo é oferecer suporte e transmitir sensação de proteção.
Estação, com cerca de 6 mil habitantes, é conhecida por ser uma cidade tranquila, onde as pessoas normalmente vivem em segurança. “O fato de o crime ter ocorrido contra crianças tornou tudo ainda mais impactante. A dor é muito grande”, declarou o comandante.
Ele descreveu o sentimento da comunidade como tenso e acrescentou que a Brigada Militar está colaborando com a prefeitura e a Secretaria de Educação. “Nosso trabalho não é apenas garantir segurança, mas também apoiar as pessoas que perderam a confiança e precisam de amparo neste momento difícil”.