SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Um homem de 60 anos conseguiu controlar o HIV por um longo período sem a necessidade de medicação contínua, segundo um estudo preliminar aceito para publicação na revista Nature.
Diagnosticado em Berlim com HIV-1 subtipo B em dezembro de 2009, ele permaneceu sem sintomas por cinco anos. Em 2015, o paciente foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda, o que mudou o curso de seu tratamento.
Ele iniciou a terapia antirretroviral, comum para controlar o HIV, junto com o tratamento para leucemia. Em outubro do mesmo ano, recebeu um transplante de células-tronco para combater a leucemia, conseguindo também a remissão do câncer.
Após interromper a terapia antirretroviral em 2018, o paciente mantém a remissão do HIV por seis anos, sugerindo uma possível cura da doença.
Casos assim são extremamente raros, com apenas seis exemplos documentados entre milhões de pessoas infectadas desde o início da epidemia. Todos esses casos envolvem pacientes que receberam transplantes de células-tronco para cânceres no sangue.
Este estudo é importante porque desafia as ideias antigas sobre o que é necessário para curar ou controlar o HIV por um longo tempo.
Historicamente, acreditava-se que a resistência genética ao HIV, causada pela mutação CCR5?32, era fundamental para a cura sem medicação contínua. Porém, este novo caso mostra que essa mutação não é indispensável para alcançar uma remissão prolongada.
Os pesquisadores acreditam que o tratamento intensivo da leucemia e os efeitos do transplante de células-tronco foram cruciais para a remissão do HIV neste paciente.
O último caso conhecido de remissão foi em 2023, envolvendo um paciente de Genebra que também passou por transplante de medula óssea.
Todos os pacientes curados até agora tinham câncer no sangue e foram tratados com transplantes de células-tronco que renovaram seu sistema imunológico.
O primeiro paciente curado, Timothy Ray Brown, conhecido como “paciente de Berlim”, foi diagnosticado com HIV em 1995 e recebeu diagnóstico de leucemia em 2006.
O segundo, Adam Castillejo, chamado de “paciente de Londres”, foi tratado contra o linfoma de Hodgkin e teve remissão após transplante com células de doador com a mutação genética em 2016.
Um terceiro caso, divulgado em 2022, envolveu uma mulher com leucemia tratada em Nova York com sangue do cordão umbilical e células-tronco parcialmente compatíveis.
Em 2022, um quarto caso foi noticiado, um homem tratado na Califórnia apelidado de “paciente de City of Hope”.

