Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia, declarou nesta quinta-feira (25/9) que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a União Europeia já estão diretamente envolvidas em um conflito real contra Moscou, utilizando a Ucrânia como palco. A afirmação foi feita durante uma reunião de chanceleres do G20, na 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
O conflito na Ucrânia, segundo Lavrov, representa uma clara violação dos princípios da Carta da ONU, refletindo as ambições neocoloniais do Ocidente e causando instabilidade mundial.
“Esta crise foi provocada pelo Ocidente coletivo, com a Otan e a União Europeia declarando e participando diretamente de uma guerra real contra meu país”, afirmou o chanceler.
Além disso, Lavrov estendeu suas críticas ao Oriente Médio, observando que a escalada naquele cenário acompanha a mesma lógica. Ele destacou o número elevado de mortes na Faixa de Gaza, estimado em 65 mil, mas possivelmente muito maior conforme fontes da ONU. “Nenhum país vizinho a Israel pode se sentir seguro hoje”, acrescentou.
Atualmente, a União Europeia aplica novas sanções a Moscou. Em 19/9, a Comissão Europeia divulgou um 19º pacote de medidas restritivas, incluindo o bloqueio das importações de gás natural liquefeito russo, sanções a bancos, limitações no uso de criptomoedas e embargo a 118 embarcações da chamada “frota fantasma” russa.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ressaltou que o objetivo dessas medidas é reduzir os recursos que alimentam a máquina de guerra russa, destacando a queda da dependência energética europeia da Rússia de 45% em 2022 para 19% em 2024.
No âmbito militar, aumentaram as tensões após violações do espaço aéreo da Estônia, Polônia e Romênia por drones e caças russos. A Otan classificou tais ações como irresponsáveis e garantiu que utilizará todos os meios necessários para defender seus membros.
Em seu discurso, Lavrov enfatizou que a fundação da ONU, há 80 anos, só ocorreu após a vitória sobre o nazismo e o militarismo japonês, com significativa participação da União Soviética e da China.
Ele defende o respeito integral à Carta da ONU para assegurar a convivência pacífica entre nações, grandes e pequenas.
O ministro também mencionou o fortalecimento dos BRICS e da Organização de Cooperação de Xangai (OCS) como indicativos do avanço de um mundo multipolar, que visa proteger a maioria global contra competições injustas.
Para Lavrov, somente uma ordem internacional verdadeiramente democrática poderia reduzir o risco de novos conflitos regionais e promover maior estabilidade mundial.